OS TEMPOS ADORMECIDOS
Música e outras coisas

OS TEMPOS ADORMECIDOS




Imagens pictóricas me devassam as córneas

E o teleférico transparente desaba sobre a saudade

Os reflexos do meu inferno onírico

Dispersam-se por entre o sabor azul que impregna meus dentes

Sentimentos expostos por uma alma encarcerada.

Cercado pelos oceanos invisíveis, sem jangada ou ponte

Tento esganar o pássaro incômodo da verdade

Tento escapar de sua malfazeja atenção

Procuro a escada que me revelará os mistérios andinos

Contesto, em vão, o resultado do sufrágio no firmamento

Mas a culpa, idônea, torna ainda menos palpável a noite abstrata

Excessos ocultos por sinceros disfarces.

Entalhes de pedra fingida,

Calendários de lua sem data,

Conselhos de uma voz alheia à razão.

As camas desfeitas, as malas desfeitas, a cidade sem subterfúgios

Alguém que fica, alguém que espera, alguém covarde demais para fugir

A textura do vazio é um sacramento sem alarde,

Enquanto a minha indecisão obstrui o caminho.

Eu sou obra sem operário, templo sem fiéis

O adjetivo impreciso, o verbo sem tempo.

As minhas pétalas,

As minhas plumas,

As minhas folhas,

A minha pele,

A minha carne

Tombaram há muito aos chãos

Mas nem a metamorfose e nem o outono

Até a mim chegaram


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O incendiário Carmell Jones é nativo de Kansas City e seu estilo vigoroso, impregnado de blues e das concepções rítmicas do grande Count Basie, reflete a cidade onde nasceu. Clifford Brown é, indubitavelmente, a maior influência deste notável trompetista, nascido no dia 19 de julho de 1936, sobre quem a crítica especializada costumava dizer que era capaz de fazer qualquer coisa com seu trompete.

O primeiro contato com a música se deu na escola, além das audições de jazz pelo rádio da família. Contrariando o pai, baterista semi-profissional que gostaria que o filho fosse saxofonista, o jovem Carmell optou pelo trompete. Passou quatro anos na força aérea, onde também se integrou à orquestra da corporação. Ao término do serviço militar, o trompetista decidiu estudar teoria musical e composição.

Freqüentou o bacharelado de música da University of Kansas por dois anos, mas abandonou o curso, desencantado com os métodos antiquados de alguns professores. Mudou-se para Los Angeles em 1960, gravando ali seus primeiros discos como líder, pela Pacific Jazz. Paralelamente, construiu uma sólida reputação como músico de estúdio, realizando trabalhos regulares para o cinema e a televisão, o que lhe permitiu trabalhar com o astro Sammy Davis, Jr. e com o arranjador Nelson Riddle.

Integrou a orquestra de Gerald Wilson, entre 1961 e 1963, e acompanhou os alguns dos maiores nomes do West Coast Jazz, como Harold Land, Shelly Manne, Teddy Edwards, Howard Rumsey, Buddy Collette e Buddy Shank. Também trabalhou com os inclassificáveis Don Ellis, Charles McPherson e Booker Ervin, mas sua associação mais conhecida foi com o pianista Horace Silver, cujo quinteto integrou de 1964 a 1965, tendo participado das gravações do excepcional “Song For My Father”.

Após participar do Stuttgart Jazz Festival, em 1965, resolveu se estabelecer na Alemanha, já que o panorama musical norte-americano era pouco receptivo a músicos de jazz. Ali, integrou a orquestra da Rádio SFB, em Berlin, onde tocou com grandes nomes do jazz europeu, como Heinz von Hermann e Ake Persson, e com jazzistas americanos residentes ou de passagem pela Alemanha, como Herb Geller, Leo Wright, Slide Hampton e Joe Harris .

No Velho Continente, trabalhou com as orquestras de Quincy Jones, Stan Kenton e Oliver Nelson, quando em turnê pela Europa. Em 1980, decidiu retornr à Kansas City natal, onde morreu no dia 02 de junho de 1990, aos 57 anos, em decorrência de complicações causadas pelo diabetes.

Um dos seus mais representativos trabalhos de Jones é “Jay Hawk Talk”, gravado para a Prestige no dia 08 de maio de 1965. A seu lado, um time de peso, que inclui o pianista Barry Harris, o saxofonista Jimmy Heath, o baixista George Tucker e o baterista Roger Humphries – um quinteto bastante coeso e que atua com enorme volúpia.

A ligação de Jones com o hard bop é evidente, mas ele não esconde a afinidade com outros estilos, como o bebop, o soul-jazz e o West Coast. Versões musculosas de “What Is This Thing Called Love” e “Just In Time” são uma amostra dessa versatilidade. O sofisticado Harris contribui para tornar a versão de “Willow Weep For Me”, um nostálgico blues de Ann Ronell, uma das mais elegantes de todos os tempos. Três composições do líder completam o set, com destaque para “Dance Of The Night Child” e “Beepdurple”, nas quais Jimmy Heath mostra porque mereceu o apelido de Little Bird e o líder apresenta solos magistralmente bem construídos.

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Ninguém acertou o desafio do 1º ano do Jazz + Bossa. Assim, o desafio continua de pé. Boa sorte aos amigos navegantes!

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