A COR DO POEMA SEM SOMBRA
Música e outras coisas

A COR DO POEMA SEM SOMBRA



Poema é desesperança,

Cerimônia a cingir destinos,

Em cântico, as almas fenecem

Sob o ocidente de seus desatinos


Vernáculo, inconstância par

Que brota-me em minha mente

Combinação de palavras gris

Consoante, vogal latente


Comedimento e volúpia, sempre

Pátria de olhos que se traem

Poemas são rastros, rabiscos

Abismo de amores que caem


Na construção de física tesa,

Aborda-me intrínseca a pausa,

Obstáculo de trovador

No inteiro que o tema causa


Aparo e exalto o prumo,

Da mágica lépida e casta,

Ora léxica desnecessária,

Ora lívida e livre madrasta,


Abordo o poema pleno,

Tisnados letra e sermão

Ironia que espanca o medo,

Avesso, trafega-me o chão


No óbito sujo de cores,

A tinta soergue-se, impávida

Composição de quase soneto,

Liberdade, clausura ávida


De fatos, suplícios muitos,

De triviais ressentimentos,

O poeta constrói sua morada

E encerra-se consigo dentro


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Trompetista, arranjador, educador musical e compositor, Ted Curson nasceu no dia 03 de junho de 1935, na cidade de Filadélfia. Seu interesse pela música surgiu ainda na infância e o primeiro instrumento, um trompete usado, foi ganho aos dez anos. Pouco depois, formaria, com alguns amigos, seu primeiro grupo, chamado “The Bebop Trio”. Estudou na Mastbaum High School, onde recebeu as primeiras lições de música e integrou uma orquestra onde tocavam os talentosos Al Heath, Bobby Timmons e Jimmy Garrison. Posteriormente, continuou os estudos musicais no Granoff Musical Conservatory e aos 16 anos já tocava profissionalmente na orquestra de Charlie Ventura.


Em 1956, atendendo a uma recomendação de Miles Davis, mudou-se para Nova Iorque, onde trabalhou, entre outros, com Red Garland, Eric Dolphy, Mal Waldron, Duke Jordan, Philly Joe Jones, Max Roach, John Coltrane, Archie Shepp e Gil Evans. Sua associação mais memorável foi com o contrabaixista Charles Mingus, entre 1959 e 1960, tendo participado de álbuns como “Charles Mingus Presents Charles Mingus” e “Mingus At Antibes”.


De 1960 a 1965, co-liderou um quinteto com o saxofonista Bill Barron, cujo trabalho recebeu muitos elogios da crítica especializada. Também montou os próprios combos e lançou álbuns por selos como Prestige, Fontana, Atlantic, Evidence, Arista e Chiaroscuro. Sua composição mais conhecida, “Tears For Dolphy”, foi usada na trilha sonora do filme Teorema, do diretor italiano Pier Paolo Pasolini.


Como tantos outros músicos norte-americanos, Ted se mudou para a Europa no final dos anos 60, em busca de melhores condições de trabalho. Estabeleceu-se em Copenhagen, participou de inúmeros festivais e lançou alguns álbuns por selos europeus, como o Fifty Records. Retornou aos Estados Unidos em 1976 e, durante a década de 80, comandava animadas jam sessions no clube Blue Note.


Dono de uma musicalidade incomum, Curson transita com extrema facilidade entre os estilos mais tradicionais, como o bebop e o hard bop, e as escolas ligadas ao jazz de vanguarda. Suas maiores influências são Fats Navarro e Clifford Brown. Desde o final da década de 68, o trompetista se apresenta no Pori Jazz Festival, na Finlândia, e nos últimos anos tem sido seu convidado de honra. Também é educador musical e membro do Spirit of Life Ensemble, coletivo musical baseado em Nova Jérsei e dedicado ao estudo do jaz, bem como à sua integração com a música africana e brasileira. Curson se mantém ativo até hoje e reside atualmente na cidade de Montclair, Nova Jérsei.


"Ted Curson Plays Fire Down Below", gravado para a Prestige, é um ótimo exemplo de suas qualidades. Ao lado de Curson estão Gildo Mahones (p), George Tucker (b) e Roy Haynes (d) e Montego Joe (cg). Curson possui, além da rigorosa formação musical, um conhecimento enciclopédico da história e das escolas do jazz, com trabalhos que mesclam a contagiante energia do dixieland com a complexidade do free. Fazendo jus à versatilidade do líder, a faixa-título, que também abre o disco, é um calipso, executado com muita malemolência e energia.


A balada “The Very Young” abre espaço para que Curson exiba um lirismo inconteste, com destaque para a envolvente atmosfera criada por Mahones e Tucker. A atuação de Mahones também é notável na bela versão de “Baby Has Gone Bye Bye”. “Show Me”, da dupla Lerner-Loewe, transita pela valsa e pela música flamenca, com um admirável trabalho do líder. Uma versão cativante “Falling In Love With Love”, onde aparece com muito brilho a percussão de Montego, e “Only Forever”, complementam o set.





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