EU TENHO A FORÇA!
Música e outras coisas

EU TENHO A FORÇA!




Não, ele não é o He-Man, o célebre personagem dos desenhos animados, cujo bordão ecoa até hoje na cabeça de quem tem mais de 30 anos. Mas ele também tem a força. Segundo Pedro Cardoso, Illinois Jacquet é “um dos mais significativos representantes da tradição do sax tenor texano, com seu toque fogoso, ebuliente, robusto, denso, vibrato bem forte, inesgotável em seu fraseado”. Esse saxofonista possui, ainda de acordo com o Apóstolo do Jazz, um estilo “tecnicamente muito bem estruturado, com amplo domínio da digitação e da respiração, exuberante e até “prolixo” nas apresentações para o público, chegando ao paroxismo no “up tempo” quando utiliza fartamente os harmônicos e os sobre-agudos que excitam a platéia, para atingir surpreendente lirismo e cálida ternura na execução das baladas.  Podemos afirmar que poucos tenoristas, ai incluídos Dexter Gordon e Eddie Chamblee, que de alguma forma “escaparam” de sua influência”.

Jean-Baptiste Jacquet, saxofonista tenor e flautista norte-americano, nasceu no dia 31 de outubro de 1922, na cidade de Broussard, na Louisiana, estado sulista que abriga em seu território nada menos que New Orleans, considerada o “Berço do Jazz”. Sua mãe pertencia à brava tribo Sioux e seu pai, Gilbert Jacquet, era “creole”, isto é, negro de ascendência francesa. Jean-Baptiste foi educado em Houston, estado do Texas, para onde a família se mudou em meados da década de 20. Na nova cidade, o garoto recebeu o apelido de Illinois, por causa da dificuldade que alguns colegas tinham para pronunciar corretamente o seu nome.

Gilbert era ferroviário de profissão, mas adorava música e atuava como contrabaixista na pequena orquestra da companhia ferroviária local. O sangue musical corria nas veias dos Jacquet, pois além do pai, o tio Frank Jacquet tocava trombone na banda de Don Albert, o irmão mais velho, Russell, era trompetista e líder de banda, outro irmão, Julius, era saxofonista e, por fim, mais um irmão, Linton, era baterista. Não foi surpresa quando o garoto se encaminhou para a música, dedicando-se inicialmente à bateria e logo passando ao sax alto.

Bem antes disso, entretanto, Illinois já havia experimentado o gostinho da ribalta, pois quando tinha apenas três anos se apresentou em um programa de calouros promovido por uma rádio de Galveston, também no Texas. Na época o garotinho não tocava nenhum instrumento e se limitou a cantar, acompanhado pelos irmãos. Aos seis anos, começou a tomar lições de sapateado e costumava se apresentar com a banda em que seu pai tocava.

Como baterista, tocou em bandas escolares, mas foi com os saxofones que ele pôde explorar todo o seu potencial musical. Estudou com um renomado professor local, o saxofonista Bob Cooper, e participou de diversas apresentações da orquestra paterna. Tocando sax alto, ele estreou profissionalmente aos 17 anos, na “territory band” do trompetista texano Milt Larkin. Sua técnica refinada e sua tenra idade deixavam boquiabertos seus colegas de banda, muitos deles bem mais velhos e muito mais experientes.

O jovem Illinois permaneceu na orquestra de Larkin de 1939 a 1940 e ali fez amizade com outro jovem saxofonista, Arnett Cobb. Em seguida, passou uma temporada na banda de Floyd Ray, com a qual realizou suas primeiras temporadas além das fronteiras do Texas. Nessa época já havia passado para o sax tenor e foi tocando este instrumento que, em 1941, foi contratado por Lionel Hampton.

Naquele ano, ele havia se mudado, juntamente com o irmão Russell, para Los Angeles, em busca de melhores oportunidades de trabalho, e juntos os irmãos Jacquet montaram uma banda chamada “The California Playboys”. Illinois chamou a atenção da comunidade musical da cidade após uma performance incendiária na Parada do Dia do Trabalho, tocando com sumidades da estirpe do pianista Nat “King” Cole, do guitarrista Charlie Christian, do contrabaixista Jimmy Blanton e do baterista “Big” Sid Catlett. Foi graças à sua atuação nessa gig que Hampton soube de sua existência e não hesitou em convidá-lo para a sua banda.

Em pouco tempo, tornou-se o expoente máximo da orquestra do vibrafonista e ali Jacquet teve a oportunidade de entrar em um estúdio de gravação pela primeira vez. Uma dessas sessões entrou para a história do jazz, quando ele desenvolveu a inolvidável série 64 compassos sobre a harmonia do clássico “Flying Home”, na célebre gravação para o selo “Decca Records”, em Nova Iorque, no dia 26 de maio de 1942. O disco vendeu centenas de milhares de cópias em pouco tempo, seu solo se tornou referência obrigatória entre os tenoristas e o garoto de apenas 20 anos adquiria o status de estrela incontestável da banda de Hampton.

Seu solo é tido como uma espécie de precursor do R&B e abusa da técnica chamada honking, onde o sax reproduz o grasnado de um pato. Para o crítico Gary Giddins, “Ele não foi exatamente o inventar do honking, mas com aos dezenove anos, nos poucos minutos que a orquestra de Lionel Hampton levou para gravar “Flyin’ Home”, ele colocou essa técnica no mapa do jazz. Finalmente o jazz poderia soar tão erótico e vulgar como a revista feminina “Ladies Home Journal” sempre alertou. As multidões que vinham ouvir Jacquet tocar com Hampton, com o Jazz At The Philharmonic ou com Basie esperavam nada menos do que uma injeção de testorterona”.

O catedrático Pedro “Apóstolo” Cardoso ensina que o elemento histórico-geográfico foi de capital importância na formação musical do saxofonista: “é importante assinalar que a educação musical na geografia texana impunha um estilo de “blues” bem regional, carregado de sensibilidade que podemos cunhar como tendente a erótica, mas sempre com som robusto. Illinois absorveu o “blues” texano, geograficamente encravado entre a vida campestre e o desenvolvimento industrial, o que o levou a assumir as linguagens do “country blues” e do “urban blues”, em uma mistura que alcançou um cruzamento harmônico autônomo, original”.

Outro célebre bandleader da época, Cab Calloway, gostou tanto da sonoridade de Jacquet que o contratou para a sua banda, em 1943 – para substituí-lo, Hampton optou por outro texano, o ótimo Arnett Cobb. Illinois permaneceria com Calloway até o ano seguinte e nesse ínterim fez uma ponta no longa metragem “Stormy Weather”, estrelado pela bela Lena Horne e que contava com as participações de Fats Waller, Bill “Bojangles” Robinson, Benny Carter e Nat “King” Cole. Estabelecido em Los Angeles, o saxofonista participou ativamente do cenário jazzístico local, influenciando diversos jovens músicos com a sua sonoridade potente e sua abordagem agressiva.

Em 1944, o saxofonista participa do documentário “Jammin’ The Blues”, um dos mais importantes já realizados sobre o mundo do jazz. Produzido para a Warner, com direção de Gjon Mili e supervisão de Norman Graz, o filme é um verdadeiro clássico e conta com as presenças de Harry Edison (trompete), Lester Young (sax tenor), Barney Kessel (guitarra), Marlowe Morris e Garland Finney (piano), John Simmons e Red Callender (contrabaixo), “Big” Sidney Catlett e Jo Jones (bateria) e Mary Bryant (vocal).

Em julho daquele mesmo ano, Illinois marcou presença na primeira edição do “JATP – Jazz At The Phillarmonic”, também sob a batuta de Norman Granz, e a partir daí se revelou um dos mais destacados músicos a atuar naquele projeto, consolidando sua reputação no seio do público e da crítica. O primeiro concerto contou com as participações do saxofonista Jack McVea, do trombonista J. J. Johnson, do trompetista Shorty Sherock, do pianista Nat “King” Cole, do guitarrista Les Paul e do baixista Red Callender, entre outras sumidades.

1945 marca o início da parceria entre Illinois e o fabuloso Count Basie, que o contratou para o posto de Lucky Thompson. Ali, Jacquet entabulou uma auspiciosa dobradinha com outro texano, Buddy Tate, e o resultado dessa reunião pode ser conferido em gravações como “Rock-A-Bye-Basie”  que, como curiosidade, conta com  a presença do baterista Buddy Rich. Em 1946 Illinois deixou a orquestra de Basie para investir na carreira solo.

No ano anterior, ele havia gravado como líder, uma composição de sua autoria “Jammin’ The Blues”, para o selo Jubilee, à frente de um sexteto que incluía o trombonista Russell Jacquet, o altoísta John Brown e o pianista Bill Doggett. E em 1946 foi a vez de “Jumpin’ At Apollo”, também de sua autoria, que foi gravada com a seguinte formação: Joe Newman no trompete, Trummy Young no trombone, Ray Perry no sax alto, Bill Doggett no piano, Freddie Green na guitarra, John Simmons na contrabaixo e Denzil Best na bateria.

Animado com a repercussão do seu trabalho, Illinois decidiu partir para um novo – e audacioso – projeto: montar a sua própria big band. Era 1947 e ele, aos 25 anos, era um jovem veterano que havia integrado três das mais importantes orquestras do swing. Uma verdadeira seleção de craques passou por sua banda: Cecil Payne, Shadow Wilson, Joe Newman, Fats Navarro, Miles Davis, J. J. Johnson, Dickie Wells, Leo Parker, Bill Doggett, Sir Charles Thompson e Freddie Green.  

Com esse grupo, o saxofonista fez diversas gravações para o pequeno selo Aladdin, e várias delas fizeram bastante sucesso, como “Robbins Nest”, composta em parceria com o pianista Sir Charles Thompson, considerada uma peça emblemática do mainstream jazz, graças ao diálogo entre o sax tenor e o piano. O alto custo de manutenção da banda, todavia, obrigou o saxofonista a dissolvê-la, e ele voltou à sua atividade como freelancer. Sua influência, contudo, somente crescia e jovens saxofonistas texanos, como Joe Houston e Big Jay McNeely viam nele o modelo a ser seguido.

Como sideman, ele pode ser ouvido em álbuns de Kenny Burrell, Dinah Washington, Johnny Hartman, Sonny Stitt, Buddy Tate, Harry “Sweets” Edison, Howard McGhee e muitos outros. Como líder, Illinois deixou uma discografia tão robusta quanto o som do seu saxofone, com álbuns lançados por gravadoras como Savoy, RCA, Verve, Mercury, Delmark, Roulette, Universal, Epic, Argo, Storyville, Prestige, Black Lion, Black & Blue, JRC e Atlantic.

Norman Granz o recebeu de braços abertos e inúmeras apresentações no JATP se sucederam durante o final dos anos 40 e toda a década de 50. Nos início anos 60, Illinois mudou-se para Boston, onde liderou uma banda ao lado do respeitado saxofonista Jimmy Tyler, cujos concertos na cidade e na região de Cape Cod eram sempre muito concorridos.

Pouco depois, ele montou um trio que obteve bastante reconhecimento, juntamente com o baterista Alan Dawson (substituído por Jo Jones nas excursões para além de Boston, por conta de seus compromissos profissionais como professor da Berkeley School of Music) e o organista, pianista e compositor Milt Buckner, que possuía veia de blues similar à sua, com alta dose de “swing” que lhe facilitava bons momentos de interpretação. Estabeleceu uma prolífica associação com a Verve, onde se destaca o ótimo “Desert Winds”, de 1964, onde está secundado por Kenny Burrell na guitarra, Tommy Flanagan no piano, Wendell Marshall no contrabaixo, Ray Lucas na bateria e Willie Rodriguez na percussão.

A partir da segunda metade daquela década, bandeou-se para a Prestige, estabelecendo ali uma auspiciosa parceria que rendeu alguns dos mais elogiados álbuns de sua extensa discografia. Um deles é o formidável “Bottoms Up”, gravado em sessão única no dia 26 de março de 1968, em Nova Iorque, com produção de Don Schlitten. A seu lado, três músicos de altíssimo gbarito, todos de irremediável vocação bop: o pianista Barry Harris, o baixista Ben Tucker e o baterista Alan Dawson.

A música que abre e dá nome ao disco é uma composição de Illinois, baseada nas harmonias da célebre “Flying Home”. Contando com um riff poderoso e uma batida infecciosa, a faixa dá uma boa mostra das principais características do saxofonista: a exuberância do fraseado, a energia aparentemente inesgotável e a volúpia capaz de contagiar os acompanhantes ao extremo. Mestre na técnica do honking, Jacquet demonstra o quão exatas são as palavras do crítico Gary Giddins citadas anteriormente.

“Port Of Rico” é outro tema do saxofonista, que já havia gravado anteriormente em 1952, em uma sessão na qual estava acompanhado por ninguém menos que Count Basie. Nesta versão, o quarteto imerge nas pantanosas águas do blues, com vigor e histamina, produzindo uma interpretação pungente, sem ser lamentosa. Destaques para o infalível Dawson e para o sempre inspirado Harris.

O líder também compôs “You Left All Alone”, balada de grande conteúdo emotivo, na qual se permite explorar uma faceta menos conhecida do seu trabalho: a do intérprete lírico e profundamente romântico. Os coadjuvantes, em especial Harris, criam uma atmosfera de total cumplicidade, merecendo os maiores elogios o minimalismo repleto de sensibilidade de Harris, um fabuloso executante também nos andamentos mais lentos.

A sincopada “Sassy” é uma contribuição do antigo parceiro Milt Buckner e flerta com o blues, embora esteja fortemente impregnada de elementos do soul jazz. Jacquet é um solista arrojado e muito veemente na exposição de suas idéias. O fluente Harris usa com autoridade a técnica de acordes em bloco e brilha em um solo de grande impacto e Tucker, sempre muito discreto, impõe-se como um sustentáculo rítmico bastante confiável.

“Jivin' with Jack the Bellboy” é mais um tema da lavra de Illinois, que agora envereda, com maestria, pelas tortuosas veredas do bebop. Sua proverbial destreza é uma prova cabal de sua profunda intimidade com a sintaxe bop, embora ele tenha construído sua fama em contextos mais ligados – estética e cronologicamente – ao swing. À vontade em um ambiente tão desafiador, Harris trafega soberano por entre as harmonias quebradiças e instigantes inventadas pelo líder e dialoga com este em altíssimo nível, improvisando com inteligência e muita criatividade. Dawson funciona com a regularidade de um metrônomo e suas intervenções são sempre muito extrovertidas.

O primeiro standard interpretado pelo quarteto é a classuda “(I Don't Stand A Ghost Of A) Chance”, de autoria de Bing Crosby, Ned Washington e Victor Young e gravada por gente do gabarito de Benny Carter, Clifford Brown e Wes Montgomery. O líder tem atuação bastante introspectiva, impregnando o tema de um romantismo másculo e sem afetação. Essa balada havia sido gravada pela orquestra de Cab Calloway em 1940, tendo Chu Berry como principal solista. Curiosamente, Illinois viria substituir Berry, morto em um acidente automobilístico no ano seguinte, na mesma banda, em 1943.

Illinois capitaneia uma fulgurante versão de “Our Delight”, uma das mais conhecidas composições de Tadd Dameron. Mais uma vez a verve bopper do saxofonista se evidencia e sua performance é nada menos que memorável – uma verdadeira usina de criatividade. Tucker tem aqui seu momento mais destacado, entregando um solo complexo e instigante. O irrequieto Dawson faz o que quer com a bateria, acelerando o andamento, executando viradas estonteantes e dando uma aula magna de polirritmia.

Outro standard, “Don’t Blame Me”, de autoria de Dorothy Fields e Jimmy McHugh, fecha o disco com garbo e elegância. Illinois mostra que a sutileza não é um recurso por ele desconhecido. Seu sopro, embora viril, apresenta-se bastante contido e extremamente elegante. A interpretação de Harris segue o mesmo viés, criando um clima quase sombrio. Um disco que extasia fãs e não iniciados na obra imortal de um dos mais importantes e influentes saxofonistas de toda a história do jazz.

Voltemos à trajetória profissional de Jacquet. A união com Buckner permaneceu até 1974, paralelamente às apresentações com Wild Bill Davis e com os grupos de Lionel Hampton, com quem realizou diversas temporadas na Europa nas décadas de 60, 70 e 80, destacando-se o enorme sucesso que alcançado na “Gran Parade” de Nice, em 1976. Durante aquela década, Illinois acrescentou ao seu portfólio o fagote, instrumento pouco usual no jazz e que ele passou a usar com certa freqüência em concertos e gravações.

O saxofonista foi um dos destaques do especial televisivo “Monterey Jazz”, de 1968, ao lado de Ray Brown, Woody Herman, Louis Bellson, Dizzy Gillespie e muitos outros. O programa teve a produção de Ralph Gleason e Richard Moore. Outro documentário, desta feita realizado na França, também apresenta performances de Jacquet: “Swingmen In Europa”, de 1977, com direção de Jean Mazeas, onde podem ser vistas performances de diversos músicos norte-americanos em Paris e no “Salon-de-Provence”, tais como Milt Buckner, J. C. Heard, “Doc” Cheatham e Sammy Price, entre outros.

No final dos anos 70, Illinois montou um quinteto ao lado do lendário contrabaixista Slam Stewart. A década seguinte foi deveras auspiciosa. Entre 1983 e 1984, ele foi o primeiro músico de jazz a se tornar “artista residente” na prestigiosa Harvard University, ministrando ali uma série de palestras e oficinas. A experiência ali o inspirou a remontar a sua big band, que ao longo de sua existência fez concertos memoráveis em locais como o Lincoln Center e o Carnegie Hall. A banda excursionou pela Europa em 1986 e, no mesmo ano, foi um dos destaques nas comemorações do tradicionalíssimo Village Vanguard, em Nova Iorque.

Sobre a experiência, Illinois declarou em uma entrevista: “Eu percebi que podia fazer com que alunos de Harvard soassem bem, e isso me inspirou a retornar a Nova Iorque e escolher os melhores músicos disponíveis, a fim de montar a minha big band. Eu pensei: Duke Ellington se foi, Count Basie se foi, Jimmie Lunceford se foi, Cab Calloway não lidera mais a sua banda… Era como se fosse um chamado, para que eu montasse a minha própria orquestra”.

Em 1984, ele montou, juntamente com Buddy Tate e Arnett Cobb, o grupo “Texas Tenors”, mais tarde rebatizado como “Jazz Legends”. Em 1987, sua gravação “Jacquet’s Got It”, para o selo Atlantic, foi indicada para o prêmio Grammy. Liderando sua big band, Illinois teve a seu lado craques como o trompetista Jon Faddis, o trombonista Frank Lacy, o saxofonista Marshall Royal, o pianista Richard Wyands e o baixista Milt Hinton, entre outros. O documentário “Texas Tenor: The Illinois Jacquet Story”, produzido por Arthur Elgort, recebeu o prêmio Grammy em 1991.

Em 1993 ele executou em um saxofone tenor de ouro o clássico de Duke Ellington “C-Jam Blues”, na Casa Branca, para o Presidente Bill Clinton. No ano seguinte, Jacquet foi um dos destaques do álbum comemorativo dos quarenta anos do Modern Jazz Quartet (MJQ & Friends, Atlantic), interpretando “(Back Home Again In) Indiana” e “Memories Of You”. Em 1999, durante as comemorações do centenário de nascimento de Duke Ellington, Illinois atuou como solista convidado da “Lincoln Center Jazz Orchestra”, e suas performances estão registradas no documentário “Swinging With The Duke”. Em novembro do ano seguinte, o saxofonista receberia do Lincoln Center o “Award for Artistic Excellence”.

O saxofonista comemorou seus 80 anos apresentando-se no festival “Jazz Standard”, em Nova Iorque, à frente de sua big band. Por ocasião de seu 81º aniversário, Illinois foi capturado pela magia da cidade do Rio de Janeiro, quando aqui esteve para se apresentar no Tim Festival de 2003. Ele ficou embevecido com a estátua do Cristo Redentor, fato que, somado à sua imensa apreciação da música do Maestro Antonio Carlos de Almeida Jobim, levou-o a interpretar a música do nosso Maestro Soberano em sua apresentação no festival.
No dia 21 de maio de 2004, a prestigiosa  Juilliard School of Music lhe concedeu o título de “Honorary Doctorate of Music” e o saxofonista declarou que aquele seria o dia mais feliz de sua vida. Em 16 de julho de 2004, Illinois fez a sua derradeira apresentação ao vivo, liderando a sua “big band”, durante o “Midsummer Night Swing Series”, no Lincoln Center”, como atração final da noite. Ele faleceria seis dias depois dessa apresentação, no dia 22 de julho de 2004, aos 81 anos em sua residência no Queens, Nova Iorque, em conseqüência de ataque cardíaco fulminante. Seu corpo foi enterrado no “Woodlawn Cemetery”, no bairro do Bronx, naquela cidade.

Sobre ele, mais uma vez se recorre à excelência do Mestre Pedro Cardoso: “Se ouvirmos com bastante atenção todos os grandes tenoristas que o Texas legou ao jazz, aí incluídos Arnett Cobb, Booker Ervin, Jesse Powel, Herschel Evans, Buddy Tate e Budd Johnson, não é difícil perceber que Illinois foi o “mais texano” de todos eles, imprimindo sua marca pessoal em todos os grupos em que atuou”.

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