NO PRINCÍPIO ERA O CORNET...
Música e outras coisas

NO PRINCÍPIO ERA O CORNET...




O lendário Buddy Bolden costumava soprar o seu cornet com tanta força que, reza a lenda, conseguia se fazer ouvir em um raio de dez quilômetros. Seu toque era o chamado irresistível para uma festa pagã, uma luxuriante apoteose de sons, onde se misturavam, sem nenhum tipo de constrangimento, o minueto, a valsa e a mazurca europeus com o blues e o ragtime nativos. Essa mixórdia de ritmos e cores seria o caldo vital que originaria o jazz.
Negros, pobres, prostitutas, operários, artesãos, trabalhadores portuários, arruaceiros, imigrantes, cafetões. Todos atendiam ao chamamento de Bolden e se dirigiam para os bailes que ele comandava, nas regiões periféricas e nos bordéis de New Orleans. Por suas bandas passariam alguns dos pais fundadores do jazz, como o também cornetista Bunk Johnson e o clarinetista Frank Lewis. De temperamento difícil e grande apreciador do álcool, Buddy costumava se envolver em toda sorte de confusão.
Em 1907, durante um baile de rua, desentendeu-se com alguns integrantes da assistência, passando a agredi-los. A violência de sua conduta foi tamanha que a polícia foi chamada para contê-lo. Os homens da lei o levaram para o Insane Asylum Of Louisiana, uma instituição para doentes mentais e Buddy permaneceu internado até falecer, no dia 04 de novembro de 1931. Foi enterrado como indigente, completamente esquecido e totalmente apartado das glórias do passado.
Graças a Bolden, o cornet se tornaria sinônimo de jazz, pelo menos até meados da década de 20 do século passado, quando perdeu espaço para o trompete. Ainda assim, músicos ligados às mais diversas correntes do jazz, como Louis Armstrong, Bix Beiderbecke, Ruby Braff, Bobby Hackett, Freddie Hubbard, Don Cherry e Thad Jones, apenas para citar alguns, acabaram por adotá-lo e ele está presente em muitas gravações consideradas históricas.
O instrumento, que no Brasil é conhecido como cornetim, possui um ataque mais agressivo e tem um som menos polido que o do trompete, com quem guarda enorme semelhança no aspecto mecânico. De acordo com os ensinamentos do preclaro Mario Jorge Jacques, o cornet “foi o primeiro instrumento de metal a ser equipado com válvulas a pistão e capaz de reproduzir todos os graus da escala cromática”.
O maior nome do cornet no jazz moderno é, provavelmente, Nathaniel Adderley, o irmão mais novo e mais magro de Julian Cannonball Adderley. Nat, como era mais conhecido, não obteve a mesma notoriedade que o irmão, mas esse trompetista, compositor, arranjador e educador musical faz parte daquela galeria de músicos extraordinários que, por um motivo ou outro, permanece nas sombras, esperando ser descoberto por um maior número de aficionados do jazz.
Ele nasceu no dia 25 de novembro de 1931, em Tampa, na Flórida – pouco mais de vinte dias após o falecimento do seu predecessor Buddy Bolden. A família Adderley, comandada por Julian Sênior e mamãe Sugar, era bastante musical – o pai era trompetista amador e grande fã do jazz. Nat e seu irmão mais velho foram criados em Tallahassee, também na Flórida, por causa do trabalho dos pais, ambos professores da A&M University.
Aos doze anos Nat acompanhava o irmão Julian, cantando nas gigs do Edgewood Club, onde Julian comandava uma banda chamada The Royal Swingsters. Naquela época, Julian já era conhecido como Cannonball e tocava trompete, logo trocado pelo sax alto. Foi Cannonball quem ensinou ao pequeno Nat os primeiros compassos ao trompete, mas em pouco tempo o mais novo já se exibia com destreza e muita fluência.
Em meados dos anos 40, os irmãos Adderley eram bastante conhecidos na região de Tallahassee e chegaram a tocar algumas vezes com o futuro astro Ray Charles. Nat foi convocado pelo exército em 1951, tendo servido às forças armadas até 1953. Ele chegou a ser mandado para a Coréia, onde os Estados Unidos travavam mais uma de suas incontáveis guerras, mas não chegou a entrar em combate, atuando apenas como músico em bandas da corporação.
De volta aos Estados Unidos, foi lotado em uma base em Louisville, Kentucky e ali passou a se dedicar com maior ímpeto ao cornet, influenciado pelo estilo do lendário  King Oliver. Após a conclusão do serviço militar, Nat passou algum tempo em Washington, estudando na US Naval School of Music, e logo retornou a Tallahassee, onde se graduou em sociologia, para desgosto da mãe que queria vê-lo advogado.
Concluídos os estudos, ele foi se juntar à orquestra de Lionel Hampton em 1954, graças a uma indicação do trombonista Buster Cooper, permanecendo na big band do vibrafonista até o ano seguinte. Nesse ínterim, realizou algumas gravações como líder para a Savoy e a EmArcy. Em julho de 1955, Nat e Cannonball viajaram da Flórida até Nova Iorque, a fim de fazer uma visita ao amigo Buster Cooper. Em uma das primeiras noites na cidade, os dois irmãos resolveram assistir a um concerto de Oscar Pettiford no Café Bohemia.
Pettiford estava no palco, juntamente com o baterista Kenny Clarke e o pianista Horace Silver, mas o saxofonista da banda, Jerome Richardson, não havia chegado a tempo, por conta de compromissos em uma gravação. Assim que viu os dois irmãos com os respectivos instrumentos nas mãos, o baixista os convidou para subirem ao palco e tocar um pouco. O primeiro tema escolhido foi “I’ll Remember April” e os dois irmãos estraçalharam! Por causa da morte de Charlie Parker, ocorrida no início daquele ano, os holofotes foram bem mais direcionados a Cannonball, logo saudado como “o novo Bird”.
Mas Nat também teve o seu quinhão de notoriedade, por conta daquele impressionante atuação. O primeiro efeito foi o convite, por parte de Kenny Clarke, para participar do álbum “Bohemia After Dark”, gravado para a Savoy no mês seguinte. Ainda naquele ano, Nat esteve presente nas gravações de “Presenting Cannonball” (Prestige), álbum de estréia do seu irmão como líder e do qual também participam Jerome Richardson no sax tenor, Hank Jones no piano, Paul Chambers no contrabaixo e Kenny Clarke na bateria.
O primeiro disco de Nat como líder também foi gravado durante aquele auspicioso período. Trata-se de “Introducing Nat Adderley”, cujas gravações ocorreram no dia 06 de setembro de 1955, para o pequeno selo Wing, subsidiária da Mercury e que atualmente pertence à Verve. A seu lado, o irmão Julian, o pianista Horace Silver, o contrabaixista Paul Chambers e o baterista Roy Haynes. Todas as composições do disco são de autoria dos irmãos Adderley, com exceção de “I Should Care”, de Paul Weston, Axel Stordhal e Sammy Cahn.
A faixa de abertura é “Watermelon”, bebop furioso e ríspido, que apresenta uma pegada agressiva por parte do líder, que articula suas frases de maneira lúcida e desenvolta. Os solos do cornetista são vibrantes e intensos, tal como ocorre com o irmão, Julian, que exibe a influência parkeriana em seu modo de tocar. Silver está muito à vontade em um contexto tão viril e seu ataque mescla velocidade e paixão.
O blues acelerado “Little Joanie Walks” vem em seguida. Aqui o quinteto flerta com o hard bop de uma forma incisiva. Cannonball é um músico confiante e bastante criativo, dono de uma musicalidade natural, que flui sem nenhum esforço aparente. Nat é menos intuitivo e suas intervenções são mais estudadas, embora não abra mão da espontaneidade e sempre mostre disposição e vivacidade. Destaque também para o gracioso solo de Chambers.
“Two Brothers” traz os irmãos duelando em um ambiente sonoro de alta combustão. Cornet e sax atuam em contraponto, secundados por uma sessão rítmica que se alinha entre as melhores da época, merecendo atenção a formidável performance de Chambers. Único standard do álbum, “I Should Care” recebe uma interpretação delicada e emotiva. Destaques para a veia lírica do cornetista, que faz uma rápida citação ao “Bolero”, de Maurice Ravel, e para as inflexões à Benny Carter de Cannonball.
“Crazy Baby” é um blues luxuriante, que por vezes remete às harmonias imprevisíveis de Thelonious Monk, permite uma exibição de gala do quinteto. Nat é um intérprete vigoroso e sua atuação é um amálgama da tradição do blues com a voracidade harmônica do bebop. Destaques para a sofisticada percussão de Haynes, precisa e surpreendente, para a limpidez do sopro de Cannonball e para a exuberância pianística de Silver.
Com uma introdução arrebatadora, a cargo de Haynes, “New Arrival” mantém a animação, e em sua levada irresistível pode ser percebida uma genuína afinidade com o swing. Em clima de jam session, Silver usa seus dedos ágeis para criar uma cornucópia de harmonias. Fabulosos solos de Chambers, com a sua inequívoca habilidade com o arco, e Nat, cuja sonoridade expansiva faz lembrar os melhores momentos de Fats Navarro ou Dizzy Gillespie.
Cannonball domina a cena na feérica “Sun Dance”, com frases serpenteantes e um precioso sentido harmônico. Na parte final, sobressai o portentoso duelo entre o saxofonista e o endiabrado Haynes. Em “Fort Lauderdale” Silver impregna o ambiente com doses cavalares de groove, enquanto o líder concebe alguns dos solos mais impactantes do álbum.
Nat e Cannonball dialogam em ritmo acelerado em “Friday Nite”, trocando frases rápidas e improvisando de modo quase orgânico. Mais uma vez com o arco, Chambers exibe toda a sua maestria, perpetrando um solo de grande beleza. Haynes também apronta das suas e envereda por caminhos rítmicos bastante intricados.
Para fechar, o vigoroso “Blues for Bohemia”, cuja levada caudalosa e robusta lembra as deliciosas experiências de Ray Charles. O cornetista tem uma sonoridade rascante e é uma voz extremamente distinta, além de possuir grande familiaridade com o soul e o R&B. Sua execução encontra em Silver o parceiro ideal, graças à facilidade com que o pianista transita pelos ritmos mais fervilhantes. Um disco valioso, que enfoca o início da trajetória de uma dupla que, na década seguinte, estaria no epicentro das grandes transformações pelas quais o jazz passaria.
No ano seguinte, os irmãos Adderley foram contratados pela Mercury Records e formaram um quinteto, liderado pelo saxofonista. Sem conseguir o reconhecimento esperado, a banda foi desfeita em 1957 e o cornetista se juntou à banda de Gerry Mulligan. Em seguida, foi contratado pelo trombonista J. J. Johnson, em cujo grupo permaneceu por cerca de nove meses. Em 1958, Nat excursionou pela Europa com a orquestra de Woody Herman Band e participou de gravações sob a liderança de Sonny Rollins, Quincy Jones, Nina Simone e Tony Bennett.
Já o irmão mais velho obteve bastante notoriedade, ao se juntar à banda de Miles Davis. Considerado um dos pequenos grupos mais importantes e influentes do jazz, o grupo contava com sumidades da estirpe de John Coltrane no sax tenor, Bill Evans e Wynton Kelly no piano, Paul Chambers no contrabaixo e Jimmy Cobb na bateria. Com essa formação, o sexteto de Miles daria ao mundo o soberbo “Kind Of Blue” (Columbia, 1959), que até hoje remanesce como um dos álbuns mais reverenciados de toda a história do jazz.
Ainda em 1959, o altoísta deixou o grupo de Miles e montou uma nova edição do Cannonball Adderley Quintet, mais uma vez com a presença de Nat no trompete e cornet. O mais novo também ficou responsável pela administração da banda, lidando com as finanças e empresariando as apresentações do grupo, que iniciou a década de 60 como um dos mais requisitados e bem-sucedidos da época.
O ano de 1959 também foi importante por causa da gravação do seminal “The Cannonball Adderley Quintet in San Francisco” (Riverside), verdadeiro marco fonográfico na história da banda e grande sucesso de público e crítica. O álbum foi gravado no clube Jazz Workshop, em outubro daquele ano e o quinteto trazia em sua formação o pianista Bobby Timmons, o baixista Sam Jones e o baterista Louis Hayes e “This Here”, composição de Timmons, se tornaria um clássico do jazz.
Em 1960, outra gravação histórica do quinteto, desta vez no célebre clube Lighthouse, em Hermosa Beach. O álbum “At The Lighthouse” foi lançado em 1961, pela Capitol, e continha “Sack O’ Woe”, um dos maiores hits do grupo.  A banda havia passado por uma modificação importante, com Timmons dando lugar ao pianista inglês Victor Feldman mas a sua pegada continuava a mesma. Segundo o produtor Orrin Keepnews, este disco representa o nascimento do soul jazz.
O sucesso do quinteto deu novo impulso à carreira solo de Nat, que gravou os ótimos “Work Song” e “That’s Right” (ambos para a Riverside, em 1960), que contam com participações de figurões do jazz, como Wes Montgomery, Sam Jones, Percy Heath, Charlie Rouse e Bobby Timmons, entre outros. Além dos próprios discos, o cornetista tocou em álbuns de Oscar Brown Jr., Jimmy Heath, Bobby Darin, Yusef Lateef, King Curtis, Paul Gonsalves, Louis Hayes, Nancy Wilson, Sam Jones, Budd Johnson, Eddie Higgins, Wynton Kelly, James Clay, Johnny Griffin, Les McCann e muitos mais.
Durante aquela década, Nat aperfeiçoaria seus dotes de compositor, municiando a banda com os sucessos “Never Say Yes”, “The Old Country” e “Jive Samba” (este último contém uma forte influência da bossa nova). O grupo se transformaria em um sexteto, com a chegada do multiinstrumentista Yusef Lateef. Outra aquisição decisiva foi o pianista austríaco Joe Zawinul, autor de “Mercy, Mercy, Mercy!”, estrondoso sucesso do grupo, lançado no álbum homônimo, de 1966. O álbum vendeu mais de um milhão de cópias e ganhou o prêmio Grammy de melhor álbum de jazz instrumental do ano seguinte.
Em 1970, cansado da rotina de shows e gravações, Nat foi morar na tranqüila cidade de Teaneck, em Nova Jérsei. Naquela década, seria chamado a trabalhar em discos de gente do calibre de Kenny Clarke, Gene Ammons, Kenny Burrell, Dexter Gordon, Philly Joe Jones, Johnny Griffin, J. J. Johnson, Carmen McRae, Oscar Peterson e Red Garland.
Julian e Nat gravaram, no início de 1975, um ambicioso musical baseado na vida do lendário herói negro John Henry, chamado “Big Man” (Fantasy). Com música da dupla e letras de Diane Lampert e Peter Farrow, o álbum contou com as participações dos cantores Joe Williams e Randy Crowford, nos papéis, respectivamente, de Henry e de sua esposa Carolina. A parceria entre os irmãos Adderley continuaria a funcionar até agosto daquele ano, quando um derrame abateu o saxofonista.
Abalado pela perda do irmão, Nat voltou a Tallahassee desenvolveu uma estreita relação com a A&M University, onde seus pais haviam lecionado muitos anos antes. Foi artista residente daquela instituição e ajudou a desenvolver o programa de jazz da universidade. Também foi o criador e principal produtor do “Child of the Sun Jazz Festival”, em parceria com o Florida Southern College, em Lakeland.
Vida que segue, Nat montou um novo grupo no final dos anos 70, tendo como parceiro mais constante o baixista Walter Booker. Diversos saxofonistas importantes passariam por sua banda, incluindo revelações como Scott Whitfield, Antonio Hart e Vincent Herring e veteranos como John Stubblefield, Sonny Fortune e Ken McIntyre. O trompetista e seu conjunto se apresentaram em inúmeros festivais pelo planeta e tocaram em países como Canadá, Suíça, Holanda, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Suécia e França.
Nos anos 80, Nat trabalhou exaustivamente, destacando-se sua participação na Paris Reunion Band, com quem excursionou por diversas vezes pela Europa. Durante a década seguinte, Nat teve diversos problemas de saúde por causa do diabetes, doença que, em 1997, causou-lhe a perda da perna direita. Naquele ano, o cornetista seria imortalizado no Jazz Hall of Fame de Kansas City. Ele também desenvolveu uma longa carreira como educador, dando aulas de teoria musical no Florida Southern College, além de ter ministrado oficinas em instituições de prestígio, como a Universidade de Harvard.
Ele foi o grande homenageado do Playboy Jazz Festival de 1999, no qual uma banda formada pelo trompetista Longineu Parsons, pelo baixista Walter Booker, pelo percussionista Airto Moreira, pelo baterista Roy McCurdy e pelos pianistas George Duke e Michael Wolff eletrizou a platéia, com interpretações de algumas de suas composições mais importantes, como “Jive Samba”, “Work Song” e “Sermonette”.
No dia 02 de janeiro de 2000, Nat Adderley faleceria, em Lakeland, Flórida, devido a complicações causadas pelo diabetes. Seu filho, o pianista Nat Adderley Jr., também seguiu a carreira artística e durante muito tempo foi o diretor musical da banda do cantor Luther Vandross. Precoce, Nat Jr. tinha apenas 11 anos quando escreveu para o tio Cannonball o arranjo de “I’m On My Way,” incluída no álbum “Why Am I Treated So Bad!”, de 1967. Aos 15 acompanhou o pai e o tio no Monterey Jazz Festival de 1971, no qual a banda interpretou uma composição sua, “The Price You Got to Pay to Be Free”.
O cornetista deixou uma obra de vulto, espalhada em discos gravados para selos como Savoy, Atlantic, Milestone, A&M, Pony Canyon Records, EmArcy, Riverside, Landmark, Jazzland, Capitol, Prestige, SteepleChase, Challenge Records, Galaxy, Enja, Timeless, Evidence e Chiaroscuro. Além disso, suas composições foram gravadas por nomes de peso, como Kenny Drew, Paul Horn, Hank Jones, Richard “Groove” Holmes, Bud Shank, Gene Harris, Thad Jones, Roy Ayers e muitos outros.
Adorado pelos colegas, foi descrito pelo jornalista Philip Elwood, do San Francisco Examiner, como “o mais amigável e cordial músico de jazz que já existiu”. No mesmo sentido, o crítico Richard Cook o considerava “um homem afável, que teve uma vida dedicada ao jazz e que sempre foi um amigo leal e um ótimo companheiro”. Sua contribuição mais importante talvez tenha sido a de resgatar a importância do velho cornet e investir-lhe de uma nova dignidade, adaptando a sonoridade tão particular do instrumento à sintaxe do jazz moderno.

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