TODOS OS HOMENS DE SHELLY MANNE
Música e outras coisas

TODOS OS HOMENS DE SHELLY MANNE



“No sax alto, Frank Strozier, de Menphis, Tenesse. Ao piano, Russ Freeman, de Chicago, Illinois. No trompete, Conte Candolli, de Mishawaka, Indiana. No contrabaixo, Monty Budwig, de Pender, Nebraska. Eu sou Shelly Manne, de New York City. Todos nós tocamos o West Coast Jazz”. Era com essa frase bem humorada que Sheldon Manne costumava apresentar a sua banda, durante os incontáveis concertos que fez ao longo de seus mais de quarenta anos de carreira.

E os músicos citados são apenas uma pequena amostra de grandes nomes do jazz que passaram por seus célebres combos, geralmente denominados de “Shelly Manne and His Men”. Dentre eles, podemos mencionar os saxofonistas Teddy Edwards, Art Pepper, Richie Kamuca, Joe Maini, Charlie Mariano, Herb Geller, Bill Holman e Jimmy Giuffre, os trompetistas Stu Williamson, Joe Gordon e Shorty Rogers, os pianistas André Previn e Victor Feldman, o trombonista Bob Enevoldsen e os baixistas Ralph Pena, Leroy Vinnegar e Chuck Berghofer, e muitos outros.

Nascido no dia 11 de junho de 1920, Manne era filho e sobrinho de bateristas. Tanto o pai, Max Manne, quanto o tio, Morris Manne, eram respeitados músicos de estúdio, e trabalharam exaustivamente em trilhas sonoras de filmes e desenhos animados. Tornar-se baterista, portanto, seria algo muito natural para o garoto. Todavia, o primeiro instrumento do jovem Shelly foi o saxofone.

Somente aos 18 anos é que o jovem se decidiu pela bateria – o chamado do DNA foi mais forte – e atirou-se à tarefa com um apetite insaciável. Primeiro, estudou com Billy Gladstone, amigo do seu pai e considerado, na época, um dos mais importantes bateristas da cena musical novaiorquina. Em seguida, iniciou uma bem sucedida carreira profissional pelos clubes e estúdios de Nova Iorque. Seu primeiro emprego foi na orquestra de Bobby Byrne, em 1940.

A seguir, tocou nas orquestras de Will Bradley, Raymond Scott e Les Brown e sua primeira gravação aconteceu em 1941, quando integrava a big band de Joe Marsala. Suas primeiras influências foram Jo Jones e Dave Tough, mas quando descobriu o bebop, adicionou ao seu vasto repertório alguns dos truques que faziam de Art Blakey, Kenny Clarke e Max Roach os maiores nomes da bateria de então. Seguindo os passos do pai e do tio, Shelly tocou na trilha sonora do filme “Seven Days Leave”, produção de 1942 estrelada por Victor Mature.

Naquela época, o baterista era um assíduo freqüentador dos clubes da Rua 52, tocando com Dizzy Gillespie e Charlie Parker – chegou a gravar com ambos – Lennie Tristano, Lee Konitz, Flip Phillips, Charlie Ventura e outras feras. A turma da velha guarda também fazia parte do universo musical de Manne, que acompanhou gente como Rex Stewart, Charlie Shavers, Johnny Hodges, Lawrence Brown e Don Byas e atuou na gravação que Coleman Hawkins fez de “The Man I Love”, em 1943.

Em 1946, Manne foi arregimentado por Stan Kenton, um dos grandes inovadores do jazz, e permaneceu em sua orquestra até 1952. O trabalho lhe deu visibilidade a seu trabalho – tanto é que no ano seguinte arrebataria o prêmio de melhor baterista da Down Beat Magazine – e permitiu-lhe expandir os seus horizontes musicais, já que a música que a orquestra fazia conseguia ser, ao mesmo tempo, de forte apelo comercial e altamente complexa. Ao mesmo tempo, Shelly também fez parte da caravana Jazz at the Philharmonic, nos anos de 1948 e 1949, e passou um breve período na orquestra de Woody Herman, em1949.

Em 1952, após deixar a orquestra de Kenton, Manne se estabeleceu em um rancho nos arredores Los Angeles, onde sua carreira musical atingiria o ápice criativo e teria merecido reconhecimento de público e crítica. Foi, sem dúvida, um dos principais responsáveis pelo movimento que passou à história como West Coast Jazz. Além da música, Shelly era apaixonado por cavalos e manteve um haras durante muitos anos.

O baterista não teve nenhuma dificuldade em se integrar à cena local e nas incontáveis gigs e gravações, tocou com Stan Getz, Shorty Rogers, Chet Baker, Wardell Gray, Leroy Vinnegar, Jack Montrose, Pete Jolly, Howard McGhee, Red Mitchell, Benny Carter, Bill Evans, Earl Hines, Jimmy Rowles, Clifford Brown, Bob Gordon, Howard Rumsey, Conte Candoli, Pete Candoli, Al Cohn, Zoot Sims, Teddy Charles, Benny Goodman, Ben Webster, Hampton Hawes, Bud Shank, Red Mitchell, Barney Kessel, Art Pepper, Maynard Ferguson, Russ Freeman, Frank Rosolino, Rahsaan Roland Kirk, Lennie Niehaus, John Coltrane, Sonny Criss, entre outros – muitos desses músicos eram seus ex-companheiros na orquestra de Kenton.

Além do trabalho como líder ou acompanhante na seara jazzística, o baterista começou uma auspiciosa carreira nos estúdios de cinema e televisão de Hollywood e seu primeiro trabalho foi na trilha sonora do filme “Janela indiscreta”, dirigido por Alfred Hitchcock, em 1954. A excelência técnica de Manne granjeou-lhe convites dos maiores compositores de Hollywood e ele trabalhou com figuras como Bernard Herrmann, John Barry, Elmer Bernstein, Dimitri Tiomkin, Jerry Goldsmith, Johnny Mandel, Michel Legrand, Henry Mancini, Leonard Bernstein e John Williams, entre outros.

Ao mesmo tempo firma amizade com alguns dos mais importantes músicos que pontuavam na cena californiana e com eles firma parcerias extraordinárias. Foi assim com o pianista alemão André Previn, com quem dividiu os créditos em alguns excelentes álbuns, como “West Side Story” ou “My Fair Lady”, ambos lançados pela Contemporary 1956. Foi assim também com o baixista Ray Brown e com o guitarrista Barney Kessel. Os três formaram o combo “The Poll Winners”, que durante os anos 50, 60 e 70 lançou alguns álbuns preciosos.

Manne tinha o espírito bastante aberto para o novo. Em 1954, gravou o experimental “The Three & The Two”, com duas formações – na primeira, tocava com Shorty Rogers e Jimmy Giuffre e na segunda, atuava em dupla com o pianista Russ Freeman – considerando pela crítica como um dos seus mais relevantes e ousados trabalhos. Sua mente desprovida de preconceitos musicais o levou a tocar com Cecil Taylor e com Ornette Coleman, pai do free jazz, com quem gravou o álbum “Tomorrow Is The Question”, de 1959.

No cinema, outra atuação importante foi na trilha do filme “O homem do braço de ouro”, de 1956. Dirigido por Otto Preminger e estrelado por Frank Sinatra, o filme rendeu ao compositor Elmer Bernstein o Oscar de Melhor Trilha Sonore. Em 1957, Manne foi o baterista escolhido por Sonny Rollins para acompanhá-lo no fabuloso “Way Out Of West”, enquanto Ray Brown se responsabilizava pelo contrabaixo.

Entre 1960 e 1974, o baterista comandou seu próprio clube, o “Shelly’s Manne Hole”, em Los Angeles. Por ali passaram grandes nomes do jazz, a exemplo de Thelonious Monk, Jim Hall, Archie Shepp, Roy Haynes, Les McCann, Gabor Szabo e Gerald Wilson. Alguns deles, como é o caso de Bill Evans e Michel Legrand, chegaram a gravar álbuns ao vivo no clube – no caso de Legrand, com a honra de ser acompanhado pelo proprietário do estabelecimento.

Uma prova do prestígio de Manne foi levar Miles Davis – emérito criador de casos – para uma vitoriosa temporada no clube, sem que o temperamental trompetista tivesse criado qualquer problema. Segundo Manne, “Muita gente gosta de falar mal de Miles, e ele tem suas falhas, mas no Shelly’s Hole, ele realmente arrasou. Certa noite, quando a multidão lá fora era enorme, ele convidou alguns músicos que estavam na platéia para o último set e ainda estendeu o bis”.

O envolvimento com o cinema também permitia a Manne manter uma relação de proximidade com alguns dos mais brilhantes compositores de Hollywood. Um deles era John Williams, que na década de 60 ainda era considerado uma promessa – futuramente, o compositor seria um dos campeões de indicação ao Oscar, como autor das trilhas de filmes como “Contatos imediatos de terceiro grau”, “ET”, “Tubarão”, “Guerra nas estrelas”, “Superman” e “Os caçadores da arca perdida”.

Em 1961, Williams havia composto a trilha sonora do seriado televisivo “Checkmate”, que chegou a fazer algum sucesso, e Manne, que havia trabalhado na produção, viu naquele score uma excelente oportunidade de exercitar o seu lado mais experimental. Liderando os seus homens (Richie Kamuca no sax tenor, Conte Candoli no trompete, Russ Freeman no piano e Chuck Berghofer no contrabaixo), o baterista gravou o álbum homônimo entre os dias 17 e 24 de outubro daquele mesmo ano, para a Contemporary.

A faixa de abertura é a subversiva “Checkmate”, que incorpora elementos do blues e do jazz modal proposto por Miles Davis em seu “Kind Of Blue”, de 1959. Manne nunca foi considerado um baterista vulcânico, como Elvin Jones ou Art Blakey, mas consegue impor a seu toque uma cadência e um entusiasmo contagiantes – seu solo é uma aula magna de ritmo e precisão. A interação entre Kamuca e Candoli também merece destaque especial.

Desde a sua abertura, um diálogo entre contrabaixo e piano, até a sua conclusão, a balada “The Isolated Pawn” passa a sensação, exatamente, daquilo que o título sugere: isolamento e solidão. O clima glacial é reforçado pela percussão minimalista de Manne e pelo trompete de Candoli, que com a surdina evoca o lado mais cool de Miles Davis.

A animada “Cyanide Touch” tem um espírito completamente West Coaster e os músicos atuam com a espontaneidade típica de uma despretensiosa jam session no clube Lighthouse. Candoli incendeia a sessão com seu trompete indomável e o líder demonstra que é possível tocar vigorosamente e com bastante swing, sem soar espalhafatoso.

Em “The King Swings”, o flerte com a música experimental se transforma em um casamento dos mais auspiciosos. Evocando a atmosfera coltraneana de “Impressions”, a faixa é intrigante sem ser hermética, com destaques para o piano de Freeman, uma usina de swing e idéias harmônicas, e para Kamuca, sem dúvida um dos mais articulados e fluentes saxofonistas dos anos 50 e 60.

A releitura do blues feita pelo quinteto em “En Passant” é quase iconoclasta e explora com muito bom-humor e competência o clima de mistério dos filmes de detetive. Berghofer é seguro o bastante para permitir os vôos dos outros integrantes do combo e Candoli, mais uma vez usando a surdina, se mostra um improvisador dos mais criativos. Belíssimas intervenções de Kamuca, cujo solo é dos mais arrebatadores, e de Freeman, cujo piano austero evoca Bill Evans.

“Fireside Eyes” é uma balada classuda, tributária de Duke Ellington – impossível não lembrar de “I Got It Bad (And That Ain’t Good)” – na qual o sax de Kamuca se revela escandalosamente lírico. Com igual doçura, o trompete assurdinado de Candoli se derrama em acordes tão ternos quanto os de uma canção de ninar. A sessão rítmica trabalha mineiramente, com discrição e extrema maestria.

“The Black Knight” é outra incisiva incursão pelo jazzz modal, com um soberbo trabalho de Kamuca e uma deliciosa atmosfera bluesy, cortesia do genial Freeman. A percussão elegante de Manne, que usa e abusa de todos os recursos possíveis e imagináveis, impõe ao tema uma sofisticação que outro baterista, dificilmente, conseguiria imprimir. Merece audição atenta também a fabulosa performance de Candoli, cujo fraseado serpenteante rivaliza com o de trompetistas da Costa Leste, como Donald Byrd ou Freddie Hubbard.

Certamente não é um trabalho tão conhecido quanto o arrebatador “Shelly Manne & His Men At The Black Hawk”, cujos cinco volumes são considerados verdadeiros clássicos do jazz. Mas é um trabalho honesto e instigante. Sua atmosfera refinada e introspectiva – permeada por momentos explosivos – dá ao ouvinte um panaroma bastante abrangente do talento e da versatilidade de um músico que ajudou a escrever, com letras douradas, o grande livro do jazz.

A discografia de Manne é quilométrica e inclui trabalhos para selos como Savoy, Concord, Galaxy, Contemporary, Koch, Jazz Groove, JVC, Impulse, Verve, Capitol, Atlantic, Fantasy, Trend, Jazziz e muitos outros. Estima-se que, como acompanhante, Manne tenha participado de mais de mil álbuns, o que o torna um dos músicos mais prolíficos da história do jazz. Seus álbuns em parceria com o guitarrista Jack Marshall – “Sounds Unheard Of!”, de 1962, e “Sounds!”, de 1966 – apresentavam uma pioneira utilização dos efeitos sonoros e tiveram ótimas vendagens, para os padrões do jazz.

O baterista também era um dos favoritos dos cantores e cantoras e acompanhou gente do quilate de June Christy, Mel Tormé, Peggy Lee, Carmen McRae, Frank Sinatra, Sarah Vaughan, Helen Humes, Tony Bennett, Ella Fitzgerald, Nancy Wilson, Teresa Brewer, Ernestine Anderson, Lena Horne, Blossom Dearie e Leontyne Price, entre outros.

Manne sempre fez questão de se afirmar como um músico de jazz. Embora, eventualmente, tenha enveredado por outros rumos – tocou com Frank Zappa no álbum “Lumpy Gravy”, de 1969 – jamais deixou de se preocupar com a pasteurização do jazz. Para ele, “muita gente tem tentado, arduamente, passar a impressão de que não existem fronteiras entre o jazz e a música pop ou entre uma determinada forma de expressão musical e outra. Isso é um erro, porque se as pessoas pensarem que o jazz e a música pop são a mesma coisa, a criatividade vai ficar sufocada”.

O trabalho com trilhas sonoras continuava e Manne atuou em produições de sucesso, como “A noite dos desesperados”, “Hatari!”, “A pantera cor-de-rosa”, “Oliver”, “Romeu e Julieta”, “Perdidos na noite”, “Estação polar Zebra”, “O bebê de Rosemary”, “Thomas Crown: a arte do crime” e outros. Para a TV, Manne trabalhou nas trilhas das séries “Peter Gunn” (entre 1958 e 1961), “Mr. Lucky” (entre 1959 e 1960), “Richard Diamond” (entre 1959 e 1960), Daktari, (entre 1966 e 1969) e no hilariante desenho animado “O tamanduá e a formiga” (entre 1960 e 1971).

Em 1974, fundou outro combo, o “LA Four”, juntamente com o guitarrista brasileiro Laurindo de Almeida, o baixista Ray Brown e o saxofonista Bud Shank. O grupo obteve enorme sucesso de público e crítica e Manne, que participou das gravações dos seus quatro primeiros álbuns, ali permaneceria até 1977, quando foi substituído por seu aplicado discípulo Jeff Hamilton.

Como músico de apoio, Manne continuou a tocar de forma quase compulsiva nos anos 70 e 80, acompanhando tanto músicos de jazz como Lew Tabackin, Don Ellis, Milt Jackson, Red Rodney, Joe Pass, Herb Ellis, Hank Jones, Cal Tjader, Harry "Sweets" Edison, Charles Tolliver, Clare Fischer, Art Farmer, Kenny Burrell e John Lewis, quanto artistas pop como os cantores Tom Waits (nos álbuns “Foreign Affair”, de 1977, e “One From The Heart”, de 1982) e Barry Manilow.

O incansável baterista manteve, até praticamente o fim da vida, a mesma rotina de tocar em clubes de Los Angeles, especialmente no “Carmelo's”, geralmente secundado por pianistas como Bill Mays ou Alan Broadbent e pelo baixista Chuck Domanico. Ele faleceu no dia 26 de setembro de 1984, após sofrer um ataque cardíaco fulminante. Algumas semanas antes, havia recebido da cidade de Los Angeles uma justíssima homenagem: o dia 09 de setembro foi declarado “Shelly Manne Day”.

Ao falar do seu papel, Manne legou uma verdadeira aula de dedicação e entrega: “Sendo baterista, você tem liberdade para criar, mas dificilmente você consegue dominar a cena. Na maior parte das vezes, você apenas senta lá atrás e toca, enquanto o pessoal da frente, especialmente os sopros, conta com a força propulsora que vem do seu toque. É muito mais difícil liderar um grupo e tocar bateria do que apenas tocar bateria, mas liderar é algo do qual eu jamais abri mão. Era algo que eu tinha que fazer porque se você tem um grupo, quer ver todo mundo swingando. E não existe nenhuma experiência igual a essa”.

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