Franz Joseph Haydn nasceu em Rohrau, Áustria, em primeiro de abril de 1732. O pai, Mathias Haydn, era um simples carpinteiro, a mãe, Maria Koller, era cozinheira do palácio do senhor da região antes de casar-se.
Mathias e Maria tiveram doze filhos, dos quais sobreviveram seis: Franzesca, Joseph, Anna-Katarina, Johann-Evangelist e Michael, que também tornou-se compositor.
Eram pessoas simples e virtuosas e amavam a música. Seu pai tocava harpa e sua mãe cantava, mas não tinham educação musical e faziam tudo "de ouvido". Os serões dos pais influenciaram o menino e possibilitaram a revelação de seus dotes musicais, sobretudo uma voz maravilhosa.
Quando Haydn contava seis anos, sua família foi visitada pôr Johann-Mathias Franck, um parente, que era mestre de capela em Hainburg. Necessitava sempre ter à disposição crianças de boa voz para o coro infantil, o que não era freqüente. Mathias Franck ficou muito contente com o talento do garoto e convenceu seu pais a levá-lo para Hainburg, encarregando-se de sua educação.
O pequeno Haydn viveu dois anos na casa de Mathias Franck e esse período não foi dos melhores de sua vida. Era constantemente explorado pôr Franck, que aproveitava todas as ocasiões para exibi-lo. Mas apesar disto, Haydn desenvolveu-se musicalmente, familiarizando-se com os instrumentos da época e aprendendo a tocar vários deles.
Em 1740, quando estava com oito anos, Haydn foi levado para Viena por Georg Reutter, mestre de capela da corte austríaca. Integrou o coro infantil da Catedral de Santo Estevão e morava na escola da catedral.
Neste internato moravam outros cinco alunos que recebiam educação musical, além de estudarem as matérias comuns de outras escolas. As crianças não se vestiam adequadamente e a alimentação era escassa . À fome e ao frio juntavam-se os maus tratos de Reutter. As tarefas eram inúmeras: serviço musical rotineiro da catedral, festas religiosas, procissões. Em vez em quando cantavam em festas da aristocracia, onde podiam saciar a fome e voltar para a escola com os bolsos cheios de doces.
Apesar destes fatores, o talento do menino compositor desenvolveu-se, obtendo da prática diária da música o que não recebera em teoria. Embora fosse talentoso, compondo já suas primeiras obras, Haydn era mantido na escola devido a sua bela voz de soprano menino. Mas a voz muda na adolescência e, no caso de Haydn essa mudança foi decisiva em sua vida. Em 1745 sua voz começa a mudar e Reutter pensa em submetê-lo à castração, a fim de poder contar com seu talento para o canto; mas seu pai se horroriza com a idéia e Haydn escapa deste terror. Seus dias estão contados em Santo Estevão. Uma brincadeira típica de adolescente - Haydn cortou a peruca de um colega - forneceu um pretexto a Reutter para expulsá-lo da escola.
Expulso da Catedral em novembro de 1748 com dezoito anos, Haydn está só nas ruas de Viena, sem um tostão no bolso. Começa a trabalhar fazendo arranjos, tocando em festas e bailes e dando aulas de cravo. Mora em um quarto frio sem fogão. Com o primeiro dinheiro que recebe compra um velho cravo. Desta maneira sobrevive e tem tempo para estudar e compor.
Conhece Niccoló Porpora, famoso professor de canto e começa a trabalhar para ele, acompanhado ao piano seus alunos de canto durante as aulas. Assim ele desenvolve seus conhecimentos em canto, italiano e composição, além de fazer contato com a nobreza. Seu mercado aumentou, recebendo o convite do Conde Maximiliano para ser diretor de música.
A 26 de novembro de 1760 casou-se com Maria Anna Aloysia Keller, uma aluna sua. Foi uma das piores coisas que fez...seca, rabugenta e fútil, pouco lhe importava o trabalho do marido. Algumas partituras de Haydn ela usou como papel de embrulho. O compositor, normalmente tão calmo, chegou a exasperar-se com aquela mulher. Ele pensou até em separar-se dela, mas suportou até o fim. Ela morreu em 1800, sem ter-lhe dado um filho.
Em 1761 Haydn foi contratado pelo Príncipe Anton Esterházy, de quem seria servo até seus últimos dias. Era obrigado a usar libré, a compor tudo o que o patrão quisesse, a resolver todos os problemas entre os músicos de sua orquestra e a cuidar do bom estado dos instrumentos. Embora algumas dessas disposições possam parecer chocantes hoje em dia, eram comuns e não constituíam problemas para um músico, sobretudo para um temperamento como o de Haydn, acostumado a superar obstáculos calmamente, entregando-se ao trabalho. Nos primeiros cinco anos com os Esterházy, o compositor escreveu trinta sinfonias, sem falar nos divertimentos, trios, sonatas, concertos, etc.
Relação importante surgida nesta época foi a que Haydn manteve com Mozart. Os dois encontraram-se pela primeira vez em 1781, quando Mozart mudou-se para Viena. Mozart e Haydn eram profundamente diferentes. O primeiro, emocionalmente instável; o outro, quase sempre tranqüilo e bem humorado. Mozart tinha pouso senso de ordem e não dava importância ao dinheiro; Haydn construiu aos poucos, excelente patrimônio. Além disso, os separava uma grande diferença de idade. No entanto, ligaram-se por sólida amizade e influenciaram-se reciprocamente.
Pelo palácio passavam a alta nobreza européia e todas as figuras importantes da época. Isso fez com que a música de Haydn ficasse famosa e se transformasse em sucesso onde fosse apresentada. Aproximava-se o momento em que o compositor se libertaria,relativamente, de seus patrões.
Em 1791 parte para a Inglaterra, para uma série de vinte concertos em Londres, a convite do empresário Johann-Peter-Salomon. Seus concertos são acolhidos com sucesso; é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Oxford.
Mas nem tudo correu bem na Inglaterra. A profecia feita pôr Mozart, quando os dois se despediram em Viena - "Temo, meu pai, que estejamos nos dando o último adeus"- tornou-se realidade: Mozart falece a 5 de dezembro de 1791 e Haydn fica profundamente abalado.
Em 1792 os rivais de Salomon organizam uma série de concertos de Ignace Pleyel, antigo aluno de Haydn, para concorrer com os concertos do compositor. Em resposta, Salomon pede a Haydn que escreva seis novas sinfonias para fazer frente ao desafio. Abalado com a morte do amigo, fatigado com tanto trabalho, Haydn resolve voltar para Viena.
De novo em Viena, o barão Zmeskall apresenta-lhe um jovem promissor de 22 anos: era Ludwig van Beethoven. No auge da fama e sobrecarregado de trabalho, ele não pôde dar ao gênio de Bonn a atenção que ele merecia. Corrigindo-lhe os trabalhos do jovem, Haydn percebe seu grande talento e escreve ao barão, afirmando que aquele compositor iniciante, com o correr do tempo se converteria "num dos maiores músicos da Europa" e que ele se sentiria "orgulhoso de chamar-se seu mestre".
Resolve viajar à Inglaterra novamente "porque ali sou mais famoso do que em meu país".
Final de 1795: de novo em Viena, Haydn traz em sua bagagem as doze Sinfonias Londrinas.