Música e outras coisas
ULTRASSOM, O MARTÍRIO
Sala de espera dá um tédio de doer. Principalmente sala de espera de consultório.
Para concluir meu check-up anual, fui providenciar um ultrassom, solicitado pelo médico. Saí de casa às 9 em ponto e às 9,30 estava na clínica pensando que iria ser rapidamente despachado para voltar à minha rotina.
Qual o que... Saí de lá às 12,30, praguejando contra a porcaria de serviço médico brasileiro que nos transforma em otários cada vez que precisamos cuidar da saúde. Pagamos uma pequena fortuna para manter um plano de saúde particular de primeira linha e o que temos ? Um SUS melhorado !
Inevitavelmente nos sentimos otários explorados por um governo displicente e malversador dos recursos dos nossos impostos. Principalmente nós idosos, que passamos a vida inteira contibuindo para a previdência social e hoje -contratos rasgados- mesmo aposentados, ainda somos mensalmente descontados por um serviço inexistente e que temos de comprar aos espertos planos de assistência médica particular. Em resumo, uma vergonha !
Mas voltemos ao tema, de que me desviei. Voltemos à sala de espera.
Nessas três horas de espera, numa sala com cerca de 50 pessoas sentadas, sob o frio desregulado de um aparelho de ar condicionado e a voz cabulosa de uma atendente a chamar os pacientes, vez em quando, ouve-se de tudo.
Ontem mesmo, fiquei sabendo de todos os detalhes de uma festinha de aniversário que será realizada neste fim de semana, num diminuto "salão" que fica no terminal de ônibus de um bairro em Abreu e Lima. A mãe da criança falava, digo melhor, gritava, ao telefone celular, todo o roteiro da festa da sua filha para o contratado, do outro lado da linha. E soube que, como o salão era pequeno, e o dinheiro curto, ela só iria querer, de equipamentos, uma "piscina de bolas".
Enquanto isso, próximo ao meu ouvido esquerdo, um palavreado rápido entre duas mulheres que até poucos minutos atrás eram ilustres desconhecidas, dava conta de toda a vida conjugal de uma delas, incluída aí a performance atlética (modalidade "pulo de cerca") do marido, o gênio ruim da sogra, as doenças do filho caçula e naturalmente, as dificuldades financeiras. Nem sair de perto eu podia, visto que todas as cadeiras da sala estavam ocupadas. Uma tortura chinesa a mais, outra a menos, não fariam diferença.
Enquanto isso, rolava o papo da festinha:
- Mas a Elisângela, minha amiga que lhe indicou disse que você faria uma diferença. 180 reais só por uma piscina de bolas? Tá muito caro. E eu vou combinar ainda com o "pai da minha filha". Vê se faz por R$ 150, moço, vai...
*****
- O senhor tem que tomar 6 copinhos de água, no máximo. E devagar. Quando a bexiga estiver cheia, me avise.
Ouvi essa recomendação a pelo menos 3 ou 4 pacientes que, naturalmente, iam fazer o competente ultrassom de próstata, bexiga e vias urinárias, que era também o meu caso.
****
- Mas você não imagina a cara-de-pau dele. Estava de mãos dadas, na hora do expediente, com uma loura "piriguete", desfilando no Shopping Recife, já pensou.. Ah, se eu estivesse lá ! Quem viu tudo foi Marina, minha amiga de infância.. e o safado ainda chegou em casa ontem com cheiro de perfume.
****
Examezinho cruel, esse ! Quando você está no ponto de virar uma fonte ambulante, um Manequinho de carne e osso. vem a atendente e lhe manda entrar na sala do ultrassom.
E haja pressão justamente em cima da .... bexiga, que está quase estourando, feito os balões do aniversário da menininha da festa. A única coisa em que eu pensava, no momento, era num alvo e lindo sanitário, num banheiro cheirando a lavanda, onde eu pudesse descarregar toda a água acumulada em seis copinhos de plástico de 100 ml cada. E haja barreiras mentais de contenção. Ganha a batalha, terminado o ultrassom, corri ligeiro para o banheiro, que estranhamente ficava no início do corredor e não no final, feito aquelas casas de cidadezinha de interior e, quase chorando de prazer, deixei lá, naquele trono branquinho e asseado, cheirando a lavanda, todo o líquido ingerido à força da necessidade do exame.
Ainda bem que outra tortura dessas somente no ano que vem, se Deus quiser !
loading...
-
HistÓrias Do Chiquinho
"Pimentinha", cortesia do Blog Omelete O neto de uma amiga, de apelido Chiquinho, é um cabra arteiro como ninguém.Esperto até onde pode ser um menino de seis anos, inventa cada história que assombra quem não lhe conhece.Vejam bem o que esse guri...
-
MemÓrias Do Fstudio - 12- Frade E Fred
Ele era baixinho, careca e meio gordinho. Idade, por volta dos 80 anos. Estava parado num ponto de ônibus defronte à Praça de Casa Forte. Eu tinha acabado de sair de casa e ia fazer uma caminhada até o centro da cidade, para o estúdio. Começou...
-
MemÓrias Do Fstudio
Semana passada publiquei no meu Facebook um aviso de despedida da minha atividade de produtor musical e músico profissional. Amigos e amigas da Música ou dela simpatizantes acorreram virtualmente para comentar a nota, o que me deixou muito sensibilizado....
-
A Sopa De Rio Doce
Não era uma sopa qualquer, de legumes ou canja de galinha. Nada disso. Falo de outra "sopa".. um ônibus antigo que fazia a linha Recife - Rio Doce e cuja última viagem, no finalzinho da tarde, por volta das cinco horas, deu margem a esse apelido original....
-
O Disco Quebrado
A quantas vai a inocência de uma criança... Meu pai sempre gostou muito de música.Então, na nossa casa em Olinda, parte da sala de estar era ocupada por uma vitrola RCA (A voz do dono), cuja marca nunca me saiu da cabeça: um cachorrinho sentado...
Música e outras coisas