NO CHÃO OU NO TELÃO ?
Música e outras coisas

NO CHÃO OU NO TELÃO ?





















Carnaval é festa do povo, certo? Sei não.. pelo andar da carruagem, aqui no Recife isso em breve será apenas uma frase no inconsciente coletivo dos recifenses.  Ser festa popular não basta?  Levar o povo às ruas da maneira mais pura e simples não basta ?  Deixar o povo se organizar livremente e organizar seus folguedos pobres, baratos, mas que atraem turistas do mundo todo (e sempre atraíram) não basta? Não.. não para os políticos que lidam com vultosas verbas, dizem que a deste ano beirou os 34 milhões de reais se não estou enganado.. Deve até ter passado disso, pois há caminhos e descaminhos nas estradas financeiras do dinheiro público do Brasil. No entanto, toda essa dinheirama na certa não foi destinada às pequenas ”troças”, aos “bois de carnaval”, às “la ursas”, aos blocos que se vestem, como no passado, com o esforço e o suor dos seus participantes..

Esses são esquecidos pelos subúrbios, não sobem o palco dos espetáculos para turista ver, como um bando de ovelhas, apertadas no curral do Marco Zero, em meio a toneladas de equipamentos de som, holofotes, telões monstruosos, todos empenhados em mostrar mais um capítulo da “novela do carnaval multicultural ”.. Já estou farto de gritar: perguntem ao povo do Recife se eles preferem botar o pé no chão e brincar atrás do seu grupo preferido, ou quedar-se hipnotizado no meio de milhares de “ovelhas” espremidas num grande curral, simplesmente olhando para o palco brilhante com colunas de som de milhares de watts a explodir pagodeiros, rockeiros, reggaeiros, baianos do axé, que quase já nos levam a alma, nos horrendos tempos do Recifolia..   Por que os baianos, cariocas, paulistas, gaúchos, catarinenses, paranaenses que eu conheço se encantam tanto com o nosso “carnaval participação” ?   É isso que eles vieram buscar.. é isso que eles não têm, nos seus Estados !  Nessa fonte popular vieram beber.. Não na sua própria cultura, nortista ou sulista, não importa..   Eles querem ver o povo na rua, brincando, correndo atrás de uma “la ursa” que eles não têm; vibrando com as bandinhas de pífano que nem sequer conhecem e estão morrendo à míngua; eles querem ter a liberdade de ir brincar atrás do Elefante, da Pitombeira, do Maracatu que nunca viram, do Bloco da Saudade e de tantos outros lindos Blocos que temos para lhes mostrar.  Já devem estar cansando dessa  "história de trancoso" de lhe venderem um pacote das nossas tradições mais puras, mas lhe entregarem um palco iluminado onde um telão ilumina com seus reflexos coloridos, uma multidão inerme, calada, passiva.. Como convém às multidões,  quando vistas pelos donos do Poder e da Cultura alheia !



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