No intuito de mostrar as diferenças rítmicas e coreográficas de duas das mais importantes manifestações culturais do rico folclore pernambucano, fiz esse pequeno vídeo, gravado em pleno Encontro de Maracatus no Carnaval de 2004, no bairro do Recife Antigo.
Não representa algo didático, longe de mim essa pretensão. Apenas e tão somente uma forma de mostrar a turistas e amantes do nosso Carnaval, essas duas vertentes do Maracatu, às vezes tão confundido nas suas diferentes origens: o Maracatu-Nação, ou de baque virado, vindo da tradição africana, representando o cortejo alegre e vibrante das Coroações dos Reis do Congo e o Maracatu-Rural, ou de baque solto, contendo elementos formadores da raça brasileira: os africanos representados pelo casal real, damas do paço, princesas e calungas; os indígenas, pelos caboclos de pena e de lança; os europeus, pelas figuras do bumba-meu-boi, originado nas tradições lúdico/carnavalescas da Ilha da Madeira e relembrando o auto de Mateus e Catirina da partilha do boi. Tudo isso ponteado e dramatizado pelos nossos trabalhadores da lavoura canavieira da Zona da Mata Norte, em especial, com cantos (loas) tirados de improviso pelos mestres das "sambadas" de maracatu e repetidos, dolentemente, por toda a "corte".
Espetáculo bonito de se ver e de se dançar, nas noites do período carnavalesco no Recife ou nos "encontros" em Nazaré da Mata, onde dezenas de agremiações anualmente se apresentam, o Maracatu Nação, urbano, concentrou-se em bairros populares do Recife e Olinda, com sede nos terreiros de Candomblé onde permanece a mística dos seus rituais e a tradição das suas Nações originais. O Maracatu da Nação Elefante, o da Nação do Leão Coroado, o da Estrela Brilhante, são exemplos disso e remontam a mais de dois séculos. Grupos estilizados de origem recente, como A Nação Pernambuco e Cabra Alada vêm mantendo, principalmente entre o público jovem, danças e cânticos das antigas Nações Africanas.
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