Música e outras coisas
ETERNO CARNAVAL
Começa hoje o período da Quaresma cristã.
Para os foliões, este primeiro dia, a Quarta-Feira de Cinzas, significa o fim da folia de Momo.
Antigamente, o período durava 3 dias. Do domingo à Terça-Feira Gorda, os foliões se esbaldavam nos prazeres da dança, da música, da comida farta e principalmente de imensas e intermináveis libações. No popular, pulavam e cantavam, comiam de tudo e enchiam a "caveira" de cana.
Mas, a quarta-feira ingrata chegava e haja lamentações, murmuradas, choradas baixinho nas dores de cabeça e de "cotovelo".
À ressaca fatal, juntavam-se as dores dos amores perdidos, dos amores de carnaval, fugazes como a vida, quando olhada pelos olhos do Juízo. Do juízo perdido naquela tríade louca. Que, hoje, são pelo menos uma dezena e meia de tríades, pois o carnaval de muitos começa no espoucar dos fogos do Ano Novo e termina no Domingo da Quaresma.
Mas há, ainda, quem cultive as reflexões da Quarta-Feira de Cinzas. Nem que seja por breves linhas de um "post" num blog mal alinhavado.
Nem que seja somente para recordar uma música composta na madrugada de uma quarta feira de garoa fina, que mitigava o calor do Recife, nos idos de fevereiro de 1995.
Foi assim que compus "Eterno Carnaval". Que, anos depois, a minha amiga WOLEIDE DANTAS, excelente cantora, que conviveu, cantando na sua Orquestra, com Nelson Ferreira, o nosso grande Maestro, ícone dos eternos carnavais.
Aqui, a letra do frevo:
Meio cinzenta, vem chegando a quarta-feira
Sua tristeza apertando corações
Anunciando que acabou-se a brincadeira
E a vida nem sempre é formada de ilusões
Mas resistimos agarrados nas lembranças
Feito crianças recusamos despertar
E um belo sonho de amor, tão colorido
Pelas ruas do Recife insistimos em sonhar
Virá um dia de alegria sem igual
E um grande sol dourando as pontes da cidade
Vai nos dizer que eternamente é carnaval
E o nosso bloco não precisa ser saudade...
Aqui, a música, na interpretação de Woleide Dantas:
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