Música e outras coisas
Após Pharoah e Ornette... Yusef Lateef
Parece que nossos curadores no setor jazzístico andam um pouco nostálgicos... Depois de Sonny Rollins (80), Roscoe Mitchell (70), Ron Carter (73), Pharoah Sanders (70) e Ornette Coleman (80) visitarem nossos palcos nos últimos dois anos, eis que está programado para tocar em SP Yusef Lateef, do alto de seus 90 anos –poderiam aproveitar o embalo e trazer o grande Sam Rivers (87) para a cidade...
Yusef Lateef nasceu William Emanuel Huddleston, em outubro de 1920, no Tennessee. Mudou de nome por questões religiosas. O músico começou a chamar a atenção durante os anos 50 pelas particularidades de seu som. Além do sax tenor, Lateef surgiu tocando flauta e oboé, além de alguns instrumentos de sopro orientais, como o argol e o shehnai. Para muitos críticos, é a ele que se devem as primeiras manifestações do que viria a ser conhecido como ‘world music’, tendo iniciado na virada dos 50/60 o diálogo do jazz com sons exóticos do mundo (importante nesse sentido o disco ‘Eastern Sounds’, de 61), antes mesmo de Don Cherry e Pharoah Sanders. Mas, diferente desses, não utilizou as sonoridades do mundo para alimentar a chama libertária. Sem nunca ter pertencido ao núcleo do free jazz, Lateef manteve bastante viva uma base jazzística e uma arquitetura melódica em seu som.
Em sua trajetória, passou pela banda de Dizzy Gillespie, foi parceiro de Cannonball Adderley (62-64), tocou com Mingus, Kenny Burrell, Reggie Workman e Cecil McBee, gravou com Archie Shepp. Lateef pode nunca ter sido um revolucionário ou um instrumentista dono de obra excepcional, mas sobreviveu e estará aí, no próximo mês, para mostrar um pouco do que sabe. A programação do Sesc não dá pistas sobre como será a apresentação, quem virá ou tocará com ele. Ficamos à espera.
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Em A Flat, G Flat and C vemos o multi-instrumentista atuando em quarteto. Captado em 1966 e lançado pela mítica Impulse!, o álbum jamais recebeu edição digital, estando entre aqueles discos que estariam praticamente esquecidos se não fossem os meios de difusão atuais. Apesar de poder ser encarado como comportado, o álbum tem seus momentos de exploração mais distante da forma-jazz, que podem ser apreciados em ‘Sound Wave’ e na belíssima ‘Kyoto Blues’, que fecha o trabalho com estilo.
A1 Warm Hearted Blues
A2 Nile Valley Blues
A3 Robbie
A4 Psyche Rose
A5 Chuen Blues
B1 Feather Comfort
B2 Blind Willie
B3 Feelin' Alright
B4 Sound Wave
B5 Kyoto Blues*Yusef Lateef: saxophone [tenor, alto], flute, oboe, theremin
*Reggie Workman: bass
*Roy Brooks: drums
*Hugh Lawson: piano
Recorded: 8-9 May, 1966
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“Yusef Lateef”
*"Sesc Pompeia"
*Dias 12 e 13 de fevereiro
*horários: 21h e 19 h
*preço: R$ 32 (inteira)
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