Conversei, há alguns dias, com Dee Alexander _parte dessa entrevista pode ser lida na edição de hoje da Folha de S.Paulo. A cantora sobe ao palco do Bridgestone Music Festival amanhã (quinta-feira), na mesma noite em que se apresentará o lendário pianista Ahmad Jamal.
Nascida em Chicago, em fevereiro de 1955, Ms. Alexander começou a chamar a atenção da crítica norte-americana apenas em anos recentes. Me surpreendi quando ela disse ter nascido há 55 anos _achei que fosse mais jovem. Sua discografia ainda é tímida: contam-se apenas 4 álbuns em seu nome e todos gravados de 2003 para cá. Foi o último disco, “Wild is the Wind” (2009), que alavancou seu nome, especialmente por ter recebido as cobiçadas cinco estrelas da Down Beat.
A associação com a mítica AACM representou, segundo ela, “um renascimento” para sua relação com a música. Junto com o “Evolution Ensemble”, seu grupo de inusitada formação (cello, violino, baixo e bateria), Dee tem tudo para seduzir o público que estará no evento amanhã. Em nossa conversa, ela falou sobre o “Evolution Ensemble” e a importância de Henry Huff em sua vida. Algumas palavras dela:
"É a primeira vez que vou ao Brasil, que conheço apenas por músicos como Milton Nascimento, Astrud Gilberto e Eliane Elias, e estou muito empolgada. Quero observar e explorar as sonoridades das ruas do país, sentir a pulsação e o ritmo das pessoas."
“O ‘Evolution Ensemble’ foi formado em 2007. [Naquele ano] O Jazz Institute of Chicago e Lauren Deutsch (sua diretora-executiva) me encomendaram um tributo ao grande músico ‘Light’ Henry Huff, que foi meu mentor. ‘Light’ era um multi-instrumentista e membro da AACM e ter trabalhado com ele me deu grande compreensão da improvisação jazzística e da liberdade dessa música. O ‘Evolution Ensemble’ é único em suas misturas de composições originais com alguns clássicos favoritos. As possibilidades são ilimitadas. Tento utilizar minha voz como um instrumento, simulando sons de trombone, saxofone ou violino. Não me considero uma típica cantora de jazz. Busco caminhos pouco explorados."
"Chegar à AACM foi como nascer de novo e encontrar uma liberdade infinita de criação de sons, tonalidades e ritmos. O free jazz segue vivo, com muitos músicos jovens e criativos abraçando essa música e a conduzindo a diferentes rumos."
“Henry Huff foi minha maior influência, ele me ensinou a ser desinibida, não me preocupar com o julgamento das pessoas e agarrar as oportunidades. Você nunca saberá o que pode acontecer se não aceitar correr riscos.”
Segundo contou Dee Alexander, cantar é algo que está com ela a vida toda:
“Minha mãe contava que, quando eu era criança, nós costumávamos ir a uma estação de trem. E eu cantava com todas as forças dos pulmões quando estávamos por lá, porque amava a reverberação proporcionada pelo local. Todo mundo se maravilhava com a potência da minha voz. Uma vez, disseram a ela que algum dia eu seria uma cantora. E aqui estou eu!”
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