OS TÁRTAROS
Música e outras coisas

OS TÁRTAROS


Eu tinha oito anos quando ganhei meu primeiro instrumento, uma gaita de boca Hering cromática, linda e sonora.  Foi presente de aniversário de minha tia Mary, que tocava acordeon e cantava no Coral do Carmo, no Recife. Logo aprendi umas melodias simples e levava a gaita sempre comigo, até os dez anos, quando fui estudar no Ceará, na Serra de Baturité e a perdi, numa dessas viagens.
                Só recomecei aos 16 anos, quando comprei um violão para acompanhar-me nas muitas serenatas que fiz pelo bairro de Casa Forte, com nossa turma.  Isso até o dia em que um amigo que estava montando uma banda de rock (naquele tempo, a gente dizia “conjunto de iê-iê-iê”) me convidou para participar.  Eu havia acabado de comprar minha primeira guitarra elétrica e estava mesmo doido pra montar um grupo.
             

Assim, em maio de 1965, fundamos “Os Tártaros” (nada a ver com dentes.. era uma referência aos povos bárbaros da Mongólia, do famoso guerreiro Gengis Khan). Atuamos muito nos clubes sociais, casas noturnas e estações de rádio e TV do Recife e por todo o Nordeste.  Aliás, hoje fazemos parte da história dos 50 anos de televisão pernambucana, citados que fomos num livro recentemente publicado para comemorar o cinquentenário.
                Os fundadores dos Tártaros foram José Araújo Neto (contrabaixo), Walter Neves (guitarra-solo), Djilson Beirão (baterista), eu (guitarra-base e órgão elétrico) e um saxofonista chamado Ferreira, que passou pouco tempo conosco.  Logo depois dele, convidamos o  Raimundo Carrero, hoje conhecido escritor que, naquele tempo chegava de Salgueiro para estudar no Recife e tocou sax-tenor conosco por pouco mais de um ano.
                Depois de Raimundo, veio o irmão do Walter, o Waldilson (guitarra-base) que ficou até o final desse primeiro grupo, em março de 1969, coincidentemente na mesma época em que os Beatles terminavam uma fase de ouro da música pop global.  Fomos também contratados pela maior fábrica de discos do Nordeste, a Rozemblit, tendo gravado vários compactos e também acompanhado outros artistas dos selos Mocambo e Artistas Unidos, pertencentes à Rozemblit.
                O conjunto foi refundado e ainda permaneceu na ativa por muito tempo, até os anos 90, pelo menos. Mas aí, já num caráter muito mais profissional, com uma troca constante de componentes, de forma que dezenas de músicos recifenses chegaram a tocar com o conjunto.
                Ano passado, por ocasião do aniversário do Djilson, juntamos muitos desses músicos conosco, participantes da primeira formação numa noite de muito rock e de muita alegria, juntamente com os familiares.  O evento foi por mim registrado em vídeo e oportunamente vou editá-lo para divulgação aqui no blog.


Quem viveu os anos 60, com toda aquela renovação de estilos musicais, comportamentais e de atitudes perante o mundo em crise, só pode lembrar com saudade de tempos românticos e ao mesmo tempo de uma intensa mudança que nos levou pela vida afora a outra visão do mundo, a outra visão da vida.



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