Da pintura à música: A.R. Penck
Música e outras coisas

Da pintura à música: A.R. Penck


Uma das exposições que está em cartaz no Masp oferece um panorama das artes plásticas da Alemanha, englobando o período 1989-2010. Dentre os trabalhos dos 26 artistas que compõem a mostra Se Não Neste Tempo – Pintura Alemã Contemporânea são destacadas algumas criações de A.R. Penck. O que muitos dos que viram ou irão ver a exposição não sabem é que A.R. Penck teve um envolvimento bastante agitado com a free music, principalmente durante a década de 1980, tendo se associado na época a nomes como Frank Wright, Butch Morris, Frank Lowe, Alan Silva, Louis Moholo, Billy Bang, Jeanne Lee, Gunter Hampel, Peter Kowald, Phil Minton o que gerou uma série de discos.

 


Nascido em Desden em 1939, quando a Segunda Guerra já assolava a Europa, o artista foi batizado como Ralf Winkler. Após algumas fracassadas tentativas de entrar nas principais academias de arte de Dresden, se concentrou em estudos autodidatas, abordando pintura, escultura e música. Antes de assumir o codinome ‘A.R. Penck’, no final dos anos 60, chegou a participar de algumas exposições, com destaque para a realizada na Puschkin-Haus, em 65. Seria na década de 70 que seu trabalho ganharia projeção maior, tendo aparecido nas edições V e VI da cultuada documenta de Kassel. Em 80, deixa a Alemanha Oriental, passando por Israel, Londres e chegando à Irlanda, onde costuma viver temporadas até os dias atuais.

Identificado com o neo-expressionismo, mas também devedor de nomes como Jackson Pollock, A.R. Penck incorporou a seu trabalho elementos de arte primitiva, traços naif e cores vibrantes, fundamentais tanto para seu desenho quanto para suas esculturas.

Foi sob a bandeira do T.T.T. (Triple Trip Touch), projeto mutante do qual participava também outro artista alemão, o guitarrista Frank Wollny, que gestou boa parte de suas experiências musicais na década de 1980. Centrado na bateria, mas também testando o piano e a flauta, Penck nunca foi um virtuose. Na realidade, não dá nem para rotulá-lo de bom instrumentista. Mas sua vivência na free music teve relevância, ajudando a manter em atividade –e levando para um grupo maior de ouvintes, tocando em museus e espaços destinados mais às artes plásticas que à música– nomes que andavam meio encostados na época, como Wright e Lowe.  As aventuras musicais de Penck estão registradas em mais de 30 álbuns, a maioria deles lançados em pequenas tiragens, em vinil com desenhos do artista, sendo que poucos chegaram a ser lançados em CD.

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Um dos mais atuantes ao lado de Penck foi o Rev. Frank Wright (1935-1990), que apareceu em sete discos com o artista plástico, dentre os quais os fortes “Run with the Cowboys” e “Cath the Dollar”.
Em “Cath the Dollar”, Penck é acompanhado por outro nome expressivo do free jazz, o cornetista Butch Morris. A data da sessão é desconhecida, mas deve ter ocorrido na segunda metade da década de 80. Lançado em uma edição limitada de 500 cópias, trazia uma pintura original de Penck na capa.






A. New York, New York!
B1. Catch the Dollar!
B2. Proof and Search!
 
Cdollar 



*A.R. Penck: drums, artwork
*Frank Wright: sax tenor, voice
*Butch Morris: cornet
*Heinz Wollny: bass
*Frank Wollny: guitar
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No álbum Be Cool in Munich - Live Concert encontramos Penck acompanhado de outras figures do free, obtendo um resultado bem diferente. Nesse trabalho pode-se ouvir, além de Morris, Frank Lowe e Billy Bang. Mais uma vez, a data é incerta (há quem credite o ano de 85). Esse disco pertence a uma série planejada para seis volumes, dos quais apenas quatro chegaram a ser editados, com os mesmos músicos tocando em apresentações diversas.






A. Be Cool in Munich 1 
B. Be Cool in Munich 2


Bcool 




*A.R. Penck: piano, drums, artwork
*Frank Lowe: sax tenor
*Butch Morris: cornet
*Billy Bang: violin
*Heinz Wollny: bass
*Frank Wollny: guitar
*Dennis Charles: drums





 




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