A VOLTA AO MUNDO EM 88 TECLAS
Música e outras coisas

A VOLTA AO MUNDO EM 88 TECLAS



Vinte mil libras! Foi esse o valor da aposta feita por Phileas Fogg com os membros do Reform Club. Estamos no dia 02 de outubro de 1872 e o objeto da aposta era dar a volta ao mundo em 80 dias – um verdadeiro absurdo. Hoje em dia, com o desenvolvimento da aviação, é possível fazer-se esse percurso em relativamente poucas horas. Mas naquela época não. O automóvel ainda não havia sido inventado. Muito menos o avião.

Os meios de transporte, precários, resumiam-se a navios (a vela ou a vapor), trens e coches. Claro, e a animais os mais variados, desde o prosaico cavalo, passando por mulas, até chegar a montarias bastante improváveis como dromedários e elefantes.  O bravo Phileas haveria de valer-se de todos os meios disponíveis para passar por cidades como Paris, Turim, Suez, Bombaim, Calcutá, Cingapura, Hong Kong, Yokohama, San Francisco e Nova Iorque. Sempre secundado por seu valente secretário, o atrapalhado Jean Passepartout, o aventureiro inglês inicia a sua viagem.

Muitos seriam os perigos e obstáculos enfrentados pela dupla, inclusive uma falsa acusação de roubo a banco, a fúria de centenas de hindus, tempestades e toda a sorte de contratempos. O final da epopéia ainda reservaria uma surpresa a Phileas Fogg, que consegue chegar a Londres, mas imagina ter perdido a aposta. Somente no dia seguinte, quando se dá conta que havia viajado sempre em direção ao oriente, é que ele percebe que havia conseguido lograr o seu intento. Ele então consegue receber o valor apostado e, ainda por cima, ganha o coração da princesa Aouda, cuja vida havia salvo durante a viagem.

Bem, mas alguém poderia perguntar: o que mesmo o livro de Júlio Verne, “A volta ao mundo em 80 dias”, tem a ver com o jazz? A rigor, nada. Mas a associação entre seu personagem principal e um dos maiores pianistas  da história do jazz sempre me vem à mente quando ponho para tocar algum disco de Phineas Newborn Jr. Se é certo que o primeiro deu a volta ao mundo em 80 dias, também é possível se dizer que o segundo deu a volta ao mundo em 88 teclas!

Newborn nasceu na cidade de Whiteville, Tennessee, no dia 14 de dezembro de 1931. A música ocupava amplo espaço na vida da família, pois seu pai era baterista e dirigente de banda, sua mãe era pianista e cantora e seu irmão mais moço, Calvin, iria se tornar guitarrista. Desde muito pequeno Phineas se dedicou ao estudo musical e além do piano, tocava trompete, sax tenor, sax barítono e trompa. As primeiras influências do futuro pianistas foram Art Tatum, Oscar Peterson e Bud Powell

Newborn Jr. estreou como músico profissional na banda de rhythm & blues liderada por seu pai, tendo o irmão Calvin ficado com a guitarra e Tuff Green, o contrabaixo. Pelo grupo, passariam músicos renomados do cenário musical do Meio-Oeste, como o saxofonista Ben Branch, seu irmão, o trompetista Thomas Branch, e o também trompetista “Papa” Willie Mitchell, futuro bandleader, produtor musical (foi um dos fundadores da Hi-records) e descobridor de talentos como Booker Little, George Coleman e Charles Lloyd.

Newborn sênior era amigo de ninguém menos que Count Basie, que logo apelidou o jovem pianista de “Bright Eyes” (Olhos Brilhantes), porque, segundo o bandleader, os olhos do garoto brilhavam toda vez que ele ouvia os primeiros compassos de uma música. De 1947 até 1951 o grupo era atração fixa de clubes da Beale Street, rua boêmia de Memphis, e tocava com regularidade no então famoso “Plantation Inn Club”, no Arkansas. Esse mesmo grupo participou da primeira gravação de B. B. King, em 1949, para a Bullet Records.

A banda também realizou algumas gravações para a “Sun Records”, em 1950 e em 1951 serviu de apoio para os “Delta Cats”, do saxofonista tenor e cantor Jackie Brenston. “Rocket 88”, gravada em Memphis, para o selo “Chess Records” e com produção do lendário Sam Phillips, é considerada por muitos como a primeira gravação de “rock and roll” e alcançou o primeiro lugar na parada da revista “Billboard”.

Phineas ainda tentou escapar do seu destino musical, matriculando-se na Tennessee Agricultural and Industrial State University, em Nashville, mas não chegou a concluir o curso de agronomia. Durante o seu período na cidade, conhecida por ser a capital da música country, Newborn mergulhou com entusiasmo na obra do pianista húngaro Franz Liszt, que passou a ser uma influência tão marcante quanto a que exerciam os grandes mestres do piano jazzístico.

Ainda no início da década de 50, Phineas tocou com o guitarrista Saunders King, com o bandleader Lou Sargent, com o saxofonista Willis “Gator” Jackson e acompanhou o cantor de blues Big Walter Horton. Também trabalhou exaustivamente como músico de estúdio de Memphis, fez parte do grupo “Tennessee State Collegians” e, entre 1950 e 1952, integrou a orquestra de Lionel Hampton. Naquele período, ingressou no Lemoyne College, em Memphis, para cursar música.

Recrutado pelo exército em agosto de 1953, Phineas teve que abandonar os estudos. Ele permaneceria nas forças armadas até junho de 1955 e durante o período na caserna, acrescentaria ao seu nada modesto rol de instrumentos o vibrafone e a tuba. De volta à vida civil, ele trabalhou um tempo na orquestra do pai, além de tocar em clubes da Flórida e em alguns programas de rádio e televisão. Por influência de Count Basie, o pianista afastava-se cada vez mais do “R&B”, até então a base de seu trabalho, para mergulhar nas caudalosas e imprevisíveis águas do jazz.

A partir da segunda metade dos anos 50, seu nome ia se espalhando para além das fronteiras de Memphis, sendo apontado como o novo Art Tatum. O produtor George Wein recorda um fenômeno curioso acerca desses pianistas obscuros: “Durante muito tempo, pessoas vinham até a mim para falar de fantásticos pianistas que haviam descoberto. Diziam coisas como ‘Ele é maior que Bud’, ‘Oscar não é páreo para ele’ ou ainda ‘Ele deixa Tatum no chinelo’. Mas toda vez que eu ia ouvir um desses ‘fenômenos’, saía desapontado. Invariavelmente, esses pianistas eram, na melhor das hipóteses, talentos menores. Na pior das hipóteses, eram apenas pálidas cópias de gigantes como Bud, Oscar ou Tatum”.

Wein continua: “Cerca de um ano atrás comecei a ouvir relatos sobre um fabuloso pianista de Memphis, que atendia pelo estranho nome de Phineas Newborn Jr. Pessoas que eu respeito bastante, como John Hammond, Willard Alexander e, claro, Count Basie, diziam que eu tinha que ouvir esse cara. Por conta de minhas experiências anteriores, que não tinham sido nada felizes, eu não estava nem um pouco curioso para conhecê-lo. No entanto, tive a chance de ouvir Phineas tocar no Storyville, um clube de Boston do qual eu era sócio. Foi a primeira vez que eu não me decepcionei com um desses ‘pianistas desconhecidos’. Phineas era, exatamente, tudo aquilo que se dizia dele”.

Cercado por uma enorme expectativa e recomendado por músicos e críticos respeitáveis, Phineas decidiu se mudar para Nova Iorque, em 1956. Apesar de ter bastante experiência em palcos e estúdios, até então ele não havia gravado em seu próprio nome. Finalmente, em maio de 1956, fez a sua estréia como líder, ao lado de ninguém menos que Oscar Pettiford e de Kenny Clarke, no disco “Here Is Phineas” (Atlantic), com participação do irmão, Calvin, em algumas faixas.

Pouco depois, em outubro daquele ano, lideraria um quarteto integrado por Calvin Newborn (guitarra), George Joyner (contrabaixo) e Philly Joe Jones (bateria) e com esse grupo gravou o álbum que o projetou inicialmente, “Phineas Rainbow”, para o selo RCA. Ao mesmo tempo, ele e seu trio eram atração fixa do clube Basin Street e a receptividade ao seu trabalho apenas crescia. Em 1957 o pianista grava os álbuns “While My Lady Sleeps”, acompanhado pela orquestra de Dennis Farnon, e “Plays Harold Arlen's Music From Jamaica”, com a orquestra de A. K. Salim, ambos para a RCA.

Zuza Homem de Mello recorda que, ao desembarcar em Nova Iorque, em 1957, sua primeira providência foi correr para o Birdland, a fim de assistir o programa da noite. Ali, pôde ver o quarteto de Newborn, que dividia o set com a big band do trompetista Maynard Ferguson. Em 1958, além de liderar o próprio trio, Phineas atuou em duo com Charles Mingus e participou, juntamente com Mingus, Jimmy Knepper, Shafi Hadi e Dannie Richmond, da trilha sonora do clássico “Shadows”, com direção de John Cassavetes.

Entre março e abril daquele ano, o piasiata gravou o álbum “Fabulous Phineas” para a RCA. Pouco depois, fez uma bem sucedida temporada européia, dentro da caravana denominada “Jazz From Carnegie Hall”, que se apresentou em países como França, Inglaterra e Itália, entre outros.  Na capital italiana, tocou com o grupo “Mills Brothers” e gravou com uma sessão rítmica local – Carlos Lofredo no contrabaixo e Sérgio Pisi na bateria – o elogiado álbum “Phineas Newborn, Jr. Plays Again!” (Blue Moon), recheado de clássicos  como “Night In Tunisia”, “Nica's Dream”, “Airegin”, “Bag's Groove” e “C Jam Blues”.

Durante essa temporada, Newborn teve a chance de atuar ao lado de outro ícone do piano, Red Garland, em um concerto em Estocolmo, na Suécia. O espetáculo, realizado no dia 22 de setembro contou ainda com as participações de expoentes do jazz como J. J. Johnson, Kai Winding, Lee Konitz, Zoot Sims, Benny Bailey, Oscar Pettiford e Kenny Clarke, todos integrantes da caravana “Jazz From Carnegie Hall”.

De volta aos Estados Unidos, Phineas monta um novo trio, desta feita com John Simons no contrabaixo e Roy Haynes na bateria. Em novembro de 1958, ele entra no estúdio de Rudy Van Gelder para gravar o fabuloso álbum “We Three” (New Jazz), sob a liderança de Roy Haynes e com Paul Chambers no lugar de Simons.

No ano seguinte, Newborn grava o álbum “Young Men From Memphis – Down Home Reunion” (United Artists), onde lidera um grupo de jovens músicos de Memphis, como os trompetistas Booker Little e Louis Smith, os saxofonistas Frank Strozier e George Coleman, além do seu irmão Calvin Newborn na guitarra, George Joyner no contrabaixo e Charles Crosby na bateria.  O destaque do disco é a versão do clássico “Star Eyes”, que atinge a excelência.

Em 1960, Phineas muda-se para Los Angeles e em pouquíssimo tempo  se torna uma das mais reluzentes estrelas do selo californiano “Contemporary”. O primeiro álbum em seu nome foi “A World of Piano!”, de 1961, no qual divide o estúdio com duas sessões rítmicas distintas: Paul Chambers e Philly Joe Jones em quatro faixas e Sam Jones e Louis Hayes nas quatro restantes. Como sideman, ele participou de discos de Howard McGhee, Teddy Edwards e da cantora Helyne Stewart.

A receptividade de público e crítica a seu trabalho foi imediata e Newborn tornou-se figurinha carimbada nos clubes de Los Angeles, em especial no The Manne Hole, de propriedade do baterista Shelly Manne e localizado em Hollywood. Seu trio, na época, era integrado pelo baixista Jimmy Bond e pelo baterista Milt Turner, posteriormente substituído por Frank Butler. Sua habilidade levou o grande Gene Harris declarar: “Phineas é a melhor coisa que aconteceu no jazz nos últimos anos. Ele é o maior pianista em atividade hoje”.

No dia primeiro de abril de 1964, Phineas e Butler, acompanhados do contrabaixista Leroy Vinnegar, entraram nos estúdios da Contemporary para a gravação do estupendo “The Newborn Touch”. Com produção de Lester Koenig, o disco insere-se, sem dúvida alguma, entre os pontos culminantes da carreira fonográfica do pianista. “A Walkin’ Thing”, de Benny Carter, abre o disco, com uma atmosfera blueseira. Usando toda a extensão do teclado, Phineas possui um controle absoluto do tempo, alternando passagens nervosas com momentos bastante relaxados.

“Double Play” é um tema do pianista Russ Freeman, composto para execução em duo de pianos (a gravação original foi feita por ele e pelo grande André Previn). A técnica soberba de Newborn dá a impressão, em vários momentos, de que neste disco foram usados dois pianos. O blues “The Sermon”, de Hampton Hawes, ganha uma versão sombria, com um impressionante trabalho de Vinnegar e um claustrofóbico uso dos registros graves por parte do líder.

Embora seja um pianista vibrante e bastante fluente nos temas mais acelerados, Phineas é também um exímio executante de baladas. “Diane”, de Art Pepper, e “Grooveyard”, de Carl Perkins, são uma prova da habilidade do pianista em construir atmosferas românticas. A primeira é uma balada reflexiva e a interpretação do trio deixou Pepper, que também fazia parte do cast da Contemporary, assombrado com o talento de Newborn. A segunda tem um andamento mais ligeiro e possui um inegável acento de blues.

Composta em 1952, a cativante “The Blessing” mostra a veia bop do inventor do free jazz, Ornette Coleman. Animado e cheio de swing, o tema é bastante diferente daquilo que o saxofonista faria no final da década de 50. A execução do trio é profundamente inserida na tradição do bebop, com destaque para a blitzkrieg percussiva de Butler e para a velocidade supersônica do dedilhado de Newborn.

“Blue Daniel”, de autoria de Frank Rosolino, é uma balada em tempo médio com elementos de valsa. Aqui o piano de Newborn parece flutuar, em uma prazerosa mistura de delicadeza, sentido harmônico apurado e lirismo. Em seguida, é a vez da inebriante “Hard To Find”, blues nada ortodoxo composto por Vinnegar. O autor do tema constrói uma linha de baixo irresistível e o pianista trafega por ela com encantadora maestria, usando os registros agudos do piano com naturalidade e paixão.

A enigmática “Pazmuerte”, do saxofonista Jimmy Woods, é um tema inclassificável, que conjuga elementos de música erudita e trechos visivelmente calcados no flamenco espanhol. Interessante frisar que a batida da percussão foi uma idéia de Newborn, que sentou-se à bateria para mostrar a Butler exatamente o que desejava. O pianista tem uma atuação inflamada, sublinhando as passagens de maior conteúdo dramático com um dedilhado suntuoso e fluido.

“Be Deedle Dee Do” é um blues de Barney Kessell, que havia gravado o tema anteriormente em um dos seus discos com os Poll Winners. A versão de Newborn e seus comandados é relaxada, nem um pouco solene, com uma atuação bastante coesa da dupla Butler-Vinnegar. Um take alternativo do tema foi disponibilizado como faixa-bônus.

Outra faixa-bônus é a exuberante “Good Lil’ Man”, de Marvin Jenkins, na qual Phineas faz uma deliciosa volta ao seu passado de pianista de R&B, adotando uma pegada vibrante e sempre surpreendente. Um grande disco, de um verdadeiro mestre do piano jazzístico, que merece ser conhecido e reverenciado pelas novas gerações de fãs do jazz.

Quando o pianista finalmente parecia que iria obter o prestígio e o reconhecimento proporcionais ao seu enorme talento, Newborn sofreu um grave colapso nervoso, causado pelo excesso de álcool e pelo fim do casamento. O pianista foi obrigado a interromper a carreira e foi internado no “Camarillo State Mental Hospital”, em meados de 1964. A instituição psiquiátrica foi a mesma em que esteve internado Charlie Parker, que permaneceu ali de agosto de 1946 a janeiro de 1947, quando foi liberado sob a custódia de Ross Russell, proprietário da “Dial Records”.

Para completar o quadro desolador, Phineas também sofreu uma grave lesão na mão direita e precisou passar por um doloroso regime de exercícios, a fim de recuperar a digitação.  Somente em 1965 ele recebeu alta e durante algum tempo liderou um trio na região de Los Angeles. Todavia, ainda bastante deprimido e emocionalmente instável, Newborn voltou diversas vezes ao Camarillo.

O tratamento psiquiátrico não foi bem sucedido e ele passou a perambular de hospital em hospital, até ser internado em uma instituição denominada “Brentwood”. Ali, sob um regime de severa vigilância, ele somente podia praticar ao piano nos intervalos para entretenimento. Somente em 1969 ele pôde retomar as rédeas da vida e da carreira e nesse momento, o apoio do baixista Ray Brown foi decisivo.

Graças a Brown o pianista pôde voltar a gravar, o que ocorreu em fevereiro daquele ano. Foram dois álbuns, feitos em seqüência nos dias 12 e 13: “Please Send Me Someone To Love” e “Harlem Blues”, ambos para a antiga casa Contemporary Records. O baterista das sessões foi o explosivo Elvin Jones e o repertório dos discos traz clássicos como “Stella By Starlight”, “Black Coffee” e “Little Girl Blue”, em versões de alto padrão técnico e de rara sensibilidade, demonstrando que o pianista havia reencontrado a velha forma.

Em 1971 Newborn voltou a Memphis, mas as atribulações em sua vida pessoal continuariam. Os problemas psiquiátricos persistiam e em 1974, durante um assalto, o pianista foi agredido e sofreu fraturas em vários dedos das mãos. Mais uma vez a carreira foi prejudicada e somente no ano seguinte ele voltaria aos estúdios, desta feita para gravar um álbum de piano solo para a Atlantic.

Em 1976 foi a vez de “Look Out! Phineas Is Back”, para a Pablo, no qual o pianista mais uma vez se vê acompanhado pelo amigo Ray Brown, além do baterista Jimmie Smith. O grande destaque do álbum é a estonteante interpretação de “Just In Time”, mas também merece elogio a versão de “You Are The Sunshine Of My Life”, de Stevie Wonder. No ano seguinte, Phineas excursionou pelo Japão, juntamente com o baixista Allen Jackson e o baterista Frank Gant. O resultado pode ser conferido no disco “Phineas Is a Genius”, gravado ao vivo no Sankei Hall, em Osaka, para a Philips japonesa.

Newborn ensaiou um retorno a Nova Iorque em 1978, fazendo uma temporada no Village Gate e recebendo elogios entusiasmados do jornal The New York Times. Em julho de 1979 ele foi uma das atrações do festival de Montreux, na Suíça, atuando em solo, em trio (com Ray Brown e Dannie Richmond) e duo com uma série de astros do piano como Chick Corea, Herbie Hancock, Jay McShann, Hank Jones e John Lewis. Na ocasião, também se apresentou no Jazzhus Slukefter, tradicional festival de jazz da Dinamarca, na companhia do baixista Jesper Lundgaard e do baterista Bjarne Rostvold.

Phineas alternava longos períodos de inatividade, por conta dos problemas mentais, com uma extensa agenda de shows, quando a saúde permitia. Em 1986 ele excursionou pelos Estados Unidos com o excepcional pianista Adam Makowicz, acompanhados por uma sessão rítmica de peso: Jamil Nasser (contrabaixo) e Joey Baron (bateria). Essa formação chegou a gravar algumas faixas, mas o álbum nunca foi lançado no mercado.

O último disco de Newborn foi “I've Something To Say”, gravado para a EmArcy em novembro de 1987, tendo como acompanhantes o baixista Jamil Nasser e o baterista Tony Reedus. O pianista faleceria pouco mais de um ano depois, no dia 26 de maio de 1989, em decorrência de um câncer no pulmão. Na época, ele estava se preparando para gravar composições do compositor erudito Alexander Scriabin. Seu corpo foi enterrado no Memphis National Cemetery e seus últimos meses de vida foram bastante sofridos, por conta dos problemas de saúde e da sua precária situação financeira. Os gastos com o tratamento médico e com os remédios, por exemplo, foram assumidos pela Jazz Foundation of America.

Segundo Pedro “Apóstolo” Cardoso, Phineas era “um pianista ardente, virtuoso, que se exprime em estilo “bebop” acentuadamente “bluesy”, base de sua inspiração harmônica.   Sua técnica com a mão esquerda é superior, caminha com autoridade pelas “block-chords”, recorre a baixos alternados com a mão esquerda, dialoga frases entre as duas mãos com intervalos de duas oitavas,  sabe ser percussivo, suas frases possuem brilho, fulgor e são baseadas na ambivalência rítmica.   Improvisa com autoridade e fluidez, com frases em “legato” e uma digitação irrepreensível, articulada, sólida”.

Para o crítico Leonard Feather, Phineas “nos primeiros anos de sua carreira era, certamente, um dos três maiores pianistas do mundo, ao lado de Bud Powell e Art Tatum”. Outro grande virtuose do piano, Oscar Peterson, comentou em uma entrevista: “Se eu tivesse que escolher o melhor pianista em atividade, dentre aqueles que, cronologicamente, apareceram depois de mim, sem dúvida alguma eu escolheria Phineas Newborn Jr.”.

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