Não é raro ouvir pessoas se referindo a ele como o pai de Joshua Redman, quando a referência deveria ser inversa. Nascido no Texas, Dewey Redman (1931-2006) teve viva participação em diversos momentos da música inovadora das últimas décadas: fez parte de um quarteto com Ornette Coleman na virada dos 60/70; foi peça-chave no incrível grupo de Keith Jarret nos 70; na década seguinte, co-fundou o “Old and New Dreams”.
Tendo seu nome ligado à avant-garde, Dewey nunca foi dos saxofonistas de sonoridades mais radicais. Surgiu na cena relativamente tarde: depois de atuar como freelancer até meados dos 60 (ou seja, até mais de 30 anos de idade), estreou como líder no discreto “Look For The Black Star”, de 66. Em 68, apareceria ao lado de Ornette no fantástico “Love Call” e, a partir daí, ganharia maior reconhecimento.
Na década seguinte, protagonizaria o excepcional “Keith Jarret Quartet”, que ainda contava com Charlie Haden e Paul Motian. O grupo gravou preciosidades como “ Treasure Island” (74) e “The Survivor's Suite” (76). O músico foi tema de um documentário, “Dewey Time” (segue trecho):
Como líder, Redman gravou cerca de 15 álbuns. De uma pegada mais livre até meados dos 70, vemos um saxofonista mais contigo no fim daquela década (e nos períodos seguintes), com sabor mais bop, mas sempre evitando os caminhos mais fáceis. Esse Redman esteve no Brasil em 2002, onde se apresentou no extinto Chivas Festival.
Dois momentos distintos de Dewey podem ser apreciados em Tarik e Musics. Original de 69, Tarik mostra Redman mais livre, vibrante, amparado pelo dedilhado de Malachi Favors (do Art Ensemble of Chicago) e as baquetas de Ed Blackwell. O saxofonista apresenta cinco composições suas e, na faixa título, mostra o som do musette.
1. Tarik (4:50) 2. Fo Io (5:15) 3. Paris? Oui! (13:35) 4. Lop-O-Lop (12:55) 5. Related And Unrelated Vibrations (10:40)
Record date: Oct 1, 1969
Já Musics mostra um Redman mais contido, em quarteto, tocando também temas próprios, como a penetrante a balada 'Daystar Nightlight'.
A1 Need To Be A2 The Virgin Strike March A3 Alone Again (Naturally) B1 Unknown Tongue B2 One Beautiful Day B3 Daystar Nightlight
- R.i.p. - Paul Motian (1931-2011)
O silêncio de um baterista. Nos últimos anos, se foram Elvin Jones, Max Roach e Rashied Ali. Agora, Paul Motian. Todos eles destacadas figuras do moderno universo jazzístico, senhores que ajudaram a levar a bateria além de seu papel tradicional de...
- Keith Jarrett E Seu Fantástico Grupo Dos 70s
Durante a década de 1970, o pianista Keith Jarrett comandou um dos grupos estáveis mais fortes já vistos na seara jazzística. O quarteto contava com Dewey Redman (sax), Charlie Haden (baixo) e Paul Motian (bateria); o brasileiro Guilherme Franco participou...
- Ornette E Seus Reencontros
Reagrupar antigos parceiros é uma prática comum na jornada de Ornette Coleman. Colaboradores de diferentes períodos ressurgem com certa constância (em palco ou estúdio) para novos diálogos. Em 77, por exemplo, reencontrou Charlie Haden para um fino...
- Antes De Vandermark, Mr. Ornette
Para quem chegou a achar, como eu, que o último grande show do ano estava reservado para o Ken Vandermark Trio, a confirmação da vinda de Ornette Coleman, no fim desde mês, superou todas as expectativas de agenda. Ornette deveria ter desembarcado...
- Viagem Com Charles Tyler
Charles Tyler dividiu sua palheta entre os saxes alto e o menos usual barítono. Morto aos 50 anos, em 1992, deixou uma discografia não muito extensa e de difícil acesso nos dias atuais _não falta até hoje material seu inédito em CD. Personagem...