Música e outras coisas
TRADIÇÃO E CORAÇÃO
Atenção torcida rubro-negra.. Larguei o Sport e não me arrependo.. Sou alviverde, e daí ? Como diz a canção “quem tem coração verde-branco tem que ser América, América do meu coração”... O Sport não me deu tantas alegrias, quanto as que eu tive no casarão verde-branco da Estrada do Arraial. Foi naquela sede que brinquei os melhores carnavais da minha adolescência, que frequentei minhas primeiras festas, que tomei minhas primeiras cuba-libres de rum bacardi com coca-cola e dancei com garotas muito legais que conheci por lá.
Aliás, o Sport rendeu-me ultimamente alguns momentos de raiva. Não entendo porque um clube se vende recorrentemente a uma organização que explora a boa-fé dos torcedores e em nome de um número cabalístico, 13, no caso, passa a manipular resultados, a contratar entre si jogadores e técnicos que mudam de camisa feito quem muda de chinelo de dedo. Camisa de esportista requer, no meu modo de pensar, amor às cores do Clube, e não ao contracheque do fim do mês. Será que o zagueirão Bria, da era de ouro do Sport, será que o goleiro Carijó, e todos os grandes mitos daquela época em que se honrava a camisa do clube,estariam satisfeitos em ver o que acontece hoje no chamado futebol profissional? Acho que não.. Convivi por muitos anos com o Bria, aquele becão baiano que –rezava a lenda- jogava com uma telha amarrada na canela. Bria morreu pobre, foi contínuo da repartição pública onde trabalhei por mais de 20 anos. Para completar a renda, nas horas vagas, vendia empadas preparadas pela sua esposa. Eu fui um dos seus clientes e quando ele aparecia na minha sala oferecendo as empadinhas, sempre arranjávamos uns minutos pra bater um papo sobre os tempos heroicos do Sport.
Por outro lado, meu pai Frederico Monteiro, foi Diretor do América Futebol Clube do Recife, na gestão de Nahum Domingues Aro, em 1963, mesmo sendo tradicionalmente rubro-negro. E foi com ele que passei a frequentar, ainda adolescente, a sede do América.. E foi dele, já velhinho de 90 anos, que ganhei um broche de lapela da Diretoria, que ele conservou, guardado no seu cofre, como um tesouro, durante esse últimos 48 anos. Guardo esse escudo como um tesouro, também. E sei bem do quanto meu velho gostou do América. Com isso tudo, acho que vocês já entenderam o que eu quero dizer. Há coisas que estão na rotina e na tradição. E, dizem os caretas que mudar de time é “virar casaca”.. Eu quero é isso mesmo ! Virar casaca, virar a mesa, chutar o balde.. O Sport foi o rio que passou na minha vida.. Passou, foi, acabou.. Há coisas, no entanto, que ficam guardadas no coração. Eu sou um quebrador de tradições. Mas meu coração não esquece os bons momentos que o América me proporcionou. E entre a tradição e o coração, eu obedeço ao coração.. Salve o América !
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