Incandescente encontro de saxes
Música e outras coisas

Incandescente encontro de saxes


Para o deleite de quem conduz suas audições pelo universo free, três dos maiores nomes já surgidos empunhando um sax resolveram se juntar para tocar um novo projeto. Era meados de 2002, os músicos eram nada menos que Peter Brotzmann, Mats Gustafsson e Ken Vandermark, e nascia o Sonore. Diferentemente de antecessores famosos, como o 'World Saxophone Quartet' e o 'Rova', o Sonore acabou por se restringir a um trio (não teria sido nada mau se tivessem agregado uma figura como Evan Parker para completar um quarteto!).
A história começa em uma turnê do “Chicago Tentet” em 2002, quando os três saxofonistas acabaram por se apresentar sozinhos em um programa de rádio em Montreal. No ano seguinte, o trio nascente se juntaria para uma pequena temporada e, em 2004, já com o som do grupo definido, seria lançado o disco de estréia: “No One Ever Works Alone”. Depois viriam “Only the devil has no dreams” (2007) e o mais recente “Call Before you Dig” (2009). Em suas apresentações, o Sonore desenvolve peças amparadas em extensas improvisações nas quais há espaços para solos, diálogos em trio e em duo, ataques guturais, passagens contemplativas e introspectivas, beleza e rudez amalgamados em um processo que resulta em música grandiosa e particularíssima –tudo isso pode ser degustado no concerto abaixo, completo, quase uma hora de som, registro de 2010. Por mais que eles trilhem rumos paralelos e desenvolvam suas artes em esferas combinatórias, é fantástico notar, todos lado a lado, como que suas investigações são particulares, mesmo que, nesse formato de trio sem intervenções de outros instrumentos distintos, sejam indissociavelmente complementares. Nos momentos de Brotzmann ao tarogato e Vandermark com o b-flat clarinete, o colorido do grupo se expande,  acabando por ampliar o banquete auditivo. Degustem:   


(Live at Modern Art Centre, Saint Petersburg, in May 14 2010.)

[Ainda não tivemos a oportunidade de ver o trio no país. Mas é curioso notar que cada um deles –Brotzmann (2008), Vandermark (2010) e Gustafsson (2011) – já demonstrou sua arte em palco brasileiro. Quem sabe algum dia não teremos a sublime experiência de vê-los juntos ao vivo por aí...]



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