Música e outras coisas
Cordas em ação
Joe Morris demonstrou em nossos palcos que sua relação com o baixo, iniciada apenas após 2000, não é mais uma simples questão de experimentação ou curiosidade. Sendo o mais importante guitarrista em atividade na cena
free, Morris tem se firmado também como sólido baixista. Mesmo assim, para quem acompanha seu trabalho, ficou, sem dúvida, a vontade de vê-lo tocando seu instrumento originário.
Nascido em New Haven, Connecticut, em 1955, Morris começou a tocar guitarra na adolescência, aos 14 anos. Nessa época, foi presenteado pela irmã com uma cópia de
OM, de John Coltrane, gravação que abriu seus sentidos à música nova. Indo para Boston, em 75, passou a tocar
improvised music na cena local. Em 81 fundou seu próprio selo, o
Riti Records, pelo qual lançou seu primeiro álbum, 'Wraparound'. Foi na década de 90 que Morris passou a se tornar um personagem respeitado no meio. Morris é dono, na guitarra, de uma pegada bastante particular, limpa, sem efeitos e pedais. Sua guitarra não tem o peso e a aridez de Sharrock, nem soa estruturalmente abstrata como a de Bailey. O crítico Gary Giddins, da
The Village Voice, já disse que Morris parece uma mistura de Ornette Coleman com Jim Hall.
Em entrevista à revista
OmniTone, Morris deu interessante depoimento sobre seu trabalho como compositor:
"I tend to write groups of tunes that hopefully fit together and also contrast each other. My understanding of repetoire as a ‘free jazz‘ artist allows me to attempt different theamatic and structural material to alter the pattern of our performance. So I write what I think will give us a place to play freely and not repeat ourselves. Sometimes no theme or structure is a very confining thing. Often the freest or the most structured parts are invisible in the performance anyway and also mutually supportive. I work really hard on the sequence of each recording so that they can be heard like a story. Hopefully the listener can fill in the content of the story"Nesse
Invisible Weave, duo de cordas que nasceu de um encontro com William Parker, pode-se apreciar a complexidade do dedilhado de Morris (ou melhor, dos dois instrumentistas). Apesar de os dois serem dos mais destacados na cena
free, creio que esse seja um disco de difícil comercialização: não são todos que se dispõem a ouvir um duo de baixo e guitarra. Tanto que o disco, lançado em 97 e esgotado, nunca teve reedição. Resultado: já tem gente vendendo (via amazon) uma cópia nova original por US$ 175 (!).
1. Hypnotext 10:33
2. Viewer 12:59
3. Standing Figure 12:30
4. Spectral 4:22
5. To the Sensory 7:01
6. Invisible Weave I 16:37
7. Invisible Weave II 11:52
*Joe Morris - guitar
*William Parker - bass
wvs Recording Date: Jan 10, 1997
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