Música e outras coisas
Marshall Belford Allen completa 86 anos daqui a um mês. Não sei se está na ativa ainda _sei que, há até pouco tempo, circulava pelos palcos. Mais conhecido por ser, por décadas, um dos fieis escudeiros do polêmico e genial Sun Ra (1914-1993), Marshall Allen é um nome destacado do free-sax, tendo experimentado também a flauta, o clarinete e o oboé. Após a morte do também saxofonista John Gilmore (1931-1995), assumiu o comando da "Sun Ra Arkestra", que se manteve na ativa como forma de difundir a música de seu fundador.
Allen se juntou à Sun Ra no fim da década de 50 e permaneceu com ele até sua morte _conta-se que fez umas 200 gravações com o pianista/band líder. Mas não foi apenas ao lado de Ra que Allen arquitetou sua carreira: gravou alguns discos como líder e protagonizou parcerias com muita gente, tendo chegado a subir ao palco em apresentações de músicos bem mais jovens e de territórios fora do jazz, como Sonic Youth e Digable Planets. Uma de suas últimas gravações aconteceu em dezembro de 2000. Lançado em 2003 como “The All-Star Game”, a jam reuniu Kidd Jordan (tenor), Hamid Drake (drums), William Parker e Alan Silva (bass). Nada a declarar... Nos últimos anos, suas aparições têm sido pontuais, como em 2004, quando comemorou 80 anos e participou do Vision Festival, e em 2008, quando tocou no Sullivan Hall.
Há pouco mais de uma década, Allen juntou um quarteto no 'The Spirit Room', em NY, para gravar um disco nesse formato clássico, do qual usufruiu pouco em sua longa estrada. O encontro ocorreu em dois dias, 16 e 17 de março de 1998, e rendeu dois álbuns _um é esse Mark-N-Marshall: Tuesday. O grupo nunca havia tocado junto _e também não passaria, após a gravação, a se reunir periodicamente. Todavia, como toda boa jam, rendeu momentos de grande inspiração. É fantástico ouvir Allen sem ter, por trás e ao lado, a gama de instrumentos da Arkestra.
Tocar paralelamente a outro sopro não era segredo para Allen, que dividiu a maior parte de sua criação com Gilmore. O saxofonista mostra-se bastante à vontade dialogando com Whitecage. Dos clássicos “My Funny Valentine” e “Well, You Needn’t”, passando pelo tema-tributo “Something About J.C.”, à original “Duval Calling” (a mais pesada do álbum), o quarteto mostra, especialmente, o quanto é limitado encarar Allen apenas como uma das grandes figuras da “Arkestra”. Pena que ele não deixou amostras generosas dessa sua vertente mais, digamos, intimista.
1 Yesterday’s Flowers
2 Well, You Needn’t
3 Opus Springtime
4 Something About J.C.
5 Duval Calling
6 East Of South
7 My Funny Valentine
8 Altobatics
*Marshall Allen (alto saxophone)
*Mark Whitecage (clarinet, alto, soprano)
*Dominic Duval (bass)
*Luqman Ali (drums)
Recorded at The Spirit Room, NY, March, 1998
- 'space Is The Place' (ii)
“Não conheço esse som não, nunca ouvi, falaram que é bom, malucão. Então, to aí para ver como é a doideira do som desses tiozinhos.” Frase ouvida no fim de semana, já dentro do Sesc Pompeia, pouco antes do início do concerto da Sun Ra Arkestra,...
- O Ano Já Começou (e Parece Que Vem Forte!)
Estamos ainda em janeiro e a agenda sinaliza que este deve ser um ano de grandes shows, bem agitado. Tim Berne e Sun Ra Arkestra abrem os trabalhos e elevam a expectativa de fortes concertos à frente –uma pianista, dentre os maiores do instrumento,...
- R.i.p. - Paul Motian (1931-2011)
O silêncio de um baterista. Nos últimos anos, se foram Elvin Jones, Max Roach e Rashied Ali. Agora, Paul Motian. Todos eles destacadas figuras do moderno universo jazzístico, senhores que ajudaram a levar a bateria além de seu papel tradicional de...
- Poucos Dias, Muitos Sons
Reunir diversos músicos apenas para uma gravação ou uma apresentação é prática comum no jazz. O mais interessante é quando esses músicos nunca tocaram juntos e, melhor ainda, estão entre os mais destacados no que fazem. Em janeiro de 98, os...
- Ivo Novo Na área
Dois discos inéditos do grande saxofonista Ivo Prerelman desembarcaram há pouco no mercado internacional: Mind Games e New Beginnings. New Beginnings é um novo duo de Ivo com o baixista nova-iorquino Dominic Duval, parceria que fecha uma trilogia formada...
Música e outras coisas
Além de Ra
Marshall Belford Allen completa 86 anos daqui a um mês. Não sei se está na ativa ainda _sei que, há até pouco tempo, circulava pelos palcos. Mais conhecido por ser, por décadas, um dos fieis escudeiros do polêmico e genial Sun Ra (1914-1993), Marshall Allen é um nome destacado do free-sax, tendo experimentado também a flauta, o clarinete e o oboé. Após a morte do também saxofonista John Gilmore (1931-1995), assumiu o comando da "Sun Ra Arkestra", que se manteve na ativa como forma de difundir a música de seu fundador.
Allen se juntou à Sun Ra no fim da década de 50 e permaneceu com ele até sua morte _conta-se que fez umas 200 gravações com o pianista/band líder. Mas não foi apenas ao lado de Ra que Allen arquitetou sua carreira: gravou alguns discos como líder e protagonizou parcerias com muita gente, tendo chegado a subir ao palco em apresentações de músicos bem mais jovens e de territórios fora do jazz, como Sonic Youth e Digable Planets. Uma de suas últimas gravações aconteceu em dezembro de 2000. Lançado em 2003 como “The All-Star Game”, a jam reuniu Kidd Jordan (tenor), Hamid Drake (drums), William Parker e Alan Silva (bass). Nada a declarar... Nos últimos anos, suas aparições têm sido pontuais, como em 2004, quando comemorou 80 anos e participou do Vision Festival, e em 2008, quando tocou no Sullivan Hall.Há pouco mais de uma década, Allen juntou um quarteto no 'The Spirit Room', em NY, para gravar um disco nesse formato clássico, do qual usufruiu pouco em sua longa estrada. O encontro ocorreu em dois dias, 16 e 17 de março de 1998, e rendeu dois álbuns _um é esse Mark-N-Marshall: Tuesday. O grupo nunca havia tocado junto _e também não passaria, após a gravação, a se reunir periodicamente. Todavia, como toda boa jam, rendeu momentos de grande inspiração. É fantástico ouvir Allen sem ter, por trás e ao lado, a gama de instrumentos da Arkestra.
Tocar paralelamente a outro sopro não era segredo para Allen, que dividiu a maior parte de sua criação com Gilmore. O saxofonista mostra-se bastante à vontade dialogando com Whitecage. Dos clássicos “My Funny Valentine” e “Well, You Needn’t”, passando pelo tema-tributo “Something About J.C.”, à original “Duval Calling” (a mais pesada do álbum), o quarteto mostra, especialmente, o quanto é limitado encarar Allen apenas como uma das grandes figuras da “Arkestra”. Pena que ele não deixou amostras generosas dessa sua vertente mais, digamos, intimista.
1 Yesterday’s Flowers
2 Well, You Needn’t
3 Opus Springtime
4 Something About J.C.
5 Duval Calling
6 East Of South
7 My Funny Valentine
8 Altobatics
*Marshall Allen (alto saxophone)
*Mark Whitecage (clarinet, alto, soprano)
*Dominic Duval (bass)
*Luqman Ali (drums)
Recorded at The Spirit Room, NY, March, 1998
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- R.i.p. - Paul Motian (1931-2011)
O silêncio de um baterista. Nos últimos anos, se foram Elvin Jones, Max Roach e Rashied Ali. Agora, Paul Motian. Todos eles destacadas figuras do moderno universo jazzístico, senhores que ajudaram a levar a bateria além de seu papel tradicional de...
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Reunir diversos músicos apenas para uma gravação ou uma apresentação é prática comum no jazz. O mais interessante é quando esses músicos nunca tocaram juntos e, melhor ainda, estão entre os mais destacados no que fazem. Em janeiro de 98, os...
- Ivo Novo Na área
Dois discos inéditos do grande saxofonista Ivo Prerelman desembarcaram há pouco no mercado internacional: Mind Games e New Beginnings. New Beginnings é um novo duo de Ivo com o baixista nova-iorquino Dominic Duval, parceria que fecha uma trilogia formada...