Estamos em 2013... O que vem por aí (?)
Música e outras coisas

Estamos em 2013... O que vem por aí (?)


Após um ano de grandes shows e lançamentos empolgantes – daqueles para serem ouvidos seguidamente tomado sempre por certo assombro –, 2013 desponta com alguns indicativos de música intensa logo à frente e a constante expectativa em relação ao que o universo da música livre trará à nossa escuta. Teremos tantos concertos de peso e variados quanto presenciamos em 2012 (quem acreditaria que no ano veríamos seguidamente Matana Roberts, Brotzmann, Wadada Leo Smith, John Zorn, Vandermark, Tim Berne, Steve Noble, Alex Ward, ICP Orchestra, The Ex, Glenn Branca, Sun Ra Arkestra, Thurston Moore, Eddie Prévost, John Butcher, Urs Leimgruber, Roger Turner)? Esperamos que a intensidade não perca força... E o ano já começa com o free impro do trio Vulcano (Yedo Gibson, Panda Gianfratti e Stephan Bleier) neste domingo (6), no Sesc Belenzinho. Logo mais tem também a vinda (inédita!) dos portugueses Rodrigo Amado e Gabriel Ferrandini. Além dos shows possíveis, vale focar a atenção nos próximos passos daqueles que ofertaram em 2012 alguns dos discos fundamentais do período.
Em destaque, algumas figuras que brilharam em 2012 e algumas promessas do que vem em 2013.
Mais som, sempre, para todos.
    



"EVE RISSER"


Anotem esse nome. A pianista francesa Eve Risser teve em 2012 seu grande ano. Tudo por conta do brilhante “En Corps”, álbum que soltou no segundo semestre com seu trio (Benjamin Duboc, baixo; Edward Perraud, bateria). En Corps liderou diferentes “Top 10”, seduzindo com seu complexo improvisativo de linhas mínimas e expressão máxima. Risser, de 30 anos, tem desenvolvido desde meados dos anos 2000 trabalhos que oscilam entre a improvisação livre e o erudito contemporâneo, resvalando na seara jazzística em alguns projetos. Conlon Nacarrow (1912-1997) e Cecil Taylor costumam ser lembrados como nomes importantes em seu percurso. Risser, que também é flautista e gosta de ampliar a exploração pianística por meio de processos de abertura sonora proporcionados pelo piano preparado, costuma trabalhar em pequenas formações (duos e trios, em especial). Eve Risser: taí um nome para nossos produtores ficarem atentos.


UMLAUT Festival Paris 2011 - Duboc/Perraud/Risser from joris ruhl on Vimeo.



"RODRIGO AMADO"

Quando conversou com o Free Form, Free Jazz, há exatos dois anos, o saxofonista português Rodrigo Amado explicitou seu desejo de tocar no Brasil. Agora chegou a hora. Ele desembarca com o baterista Gabriel Ferrandini no fim deste mês, passam pelo Rio e chegam a SP para tocar no Sesc Belenzinho (dia 2/2) e no Sesc Santos (3/2). Amado, com o 'Motion Trio' (que conta com Ferrandini em suas fileiras), soltou o intenso Burning Live at Jazz ao Centro no ano passado. O disco, que teve a participação especial do trombonista americano Jeb Bishop, foi um dos destaques do ano. Quem não ouviu, confira um tema abaixo e aproveite para comprar o disco quando eles estiveram no país – sem chances de errar.






"THE THING"

O trio mais enérgico de Mats Gustafsson surpreendeu ao anunciar uma parceria com Neneh Cherry. E quando o rebento gestado por eles veio à luz, The Cherry Thing, o que se viu foi um dos discos mais contagiantes de 2012. Mantendo-se coerente ao projeto “The Thing”, marcado por arroubos demolidores herdados do free jazz e o descompromisso cru de certo garage rock, o álbum, em uma roupagem mais organizada e melódica do que se costuma esperar de Gustafsson, foi certeiro. Os músicos conseguiram estruturar um som sedutor e intenso, com momentos melódicos e assobiáveis sendo engolfados por picos ríspidos e trepidantes. Em entrevista recente, Gustafsson revelou o plano de voltarem com Neneh a estúdio agora em 2013, além de organizarem uma nova turnê. Por que não encaixar o Brasil no caminho deles?




"IVO PERELMAN"

O saxofonista paulistano radicado em NY teve um ano especialíssimo: colocou nada menos que seis novos discos no mercado. Muita coisa fina, dentre as quais merece destaque Living Jelly, em trio com Gerald Cleaver (bateria) e Joe Morris (guitarra) – um dos discos imperdíveis de 2012; ouça "Playing with Mercury" abaixo. Para este ano, Perelman tem na fila alguns álbuns já gravados, à espera para serem lançados. Para março, está programado o lançamento de um título em duo com o pianista Matthew Shipp. Para sair um pouco mais à frente, há um outro duo já registrado que promete muito, desta vez ao lado do grande saxofonista Joe McPhee. Vamos ver se em 2013 alguém traz Perelman para alguns concertos no país. A última vez em que esteve aqui foi em 2010...






"MARY HALVORSON"



A guitarrista americana Mary Halvorson fechou o ano com dois trabalhos de ponta: Bending Bridges, em quinteto, e Mechanical Malfunction, em trio, mostrando que é um dos nomes vitais da guitarra improvisada contemporânea. A leveza dinâmica de Halvorson costuma prender a atenção, fazendo ouvintes dedilharem com ela cada nota. Um de seus constantes parceiros, o percussionista Ches Smith, já foi descoberto pelos produtores locais (esteve no país com Tim Berne/David Torn, com o Secret Chiefs 3 e fez ainda apresentação solo). O que falta então para trazerem Mary para cá? Nossos ouvidos agradecem.




"OTIS TRIO"

O vital grupo de jazz contemporâneo nacional mais inventivo em ação acabou de gravar um disco que sai em breve e promete estar entre os pesos-pesados de 2013. Ao núcleo do Otis Trio (Flavio Lazzarin, Luiz Galvão e João Ciriaco) se juntaram vários sopros, dando novo colorido à banda em meio a novos temas contagiantes (abaixo, dá para ouvir um pouco do Otis com sopros, em faixa que compõe a fresca coletânea “Cão Faminto”, feita com vários grupos do ABC, que está para ser editada em vinil). Além disso, o FLAC, de Lazzarin e André Calixto, prepara novas edições do duo em CD para abrir o ano sem miséria.   


  



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